sábado, 16 de fevereiro de 2008

As lições da História parecem esquecidas, ou não?



Um interessante documentário cuja análise incide desde os primórdios do Século XX até à contemporânea Europa a 27, permitindo constatar que ainda falta muito para alcançar a utopia da paz duradoura no velho continente; aqui, ainda existem muitas contendas nacionais de cariz inter-regional, religiosas ou políticas (Espanha, Bélgica, Córsega, Chipre, etc.) que resultam em violência sectária e até mesmo em guerra, como foi (e é) o exemplo Kosovar, qual bomba-relógio não desactivada.

Concomitantemente ao aparente fim da guerra-fria entre os EUA / Rússia, têm os líderes europeus que considerar antes de tudo os interesses da Europa e consolidar a estabilidade das fronteiras Oriental e Balcânica, com a Turquia inclusa nesta equação, não sem que antes deixem por concretizar a própria União Europeia como uma aliança de Estados não federalista, o que ainda não é absoluto.

Antes como agora, são os acontecimentos súbitos inerentes às situações latentes que provocam a detonação dos conflitos mais devastadores. Na História, assim como na vida, a tendência é para que se repitam os padrões, muito mais quanto não se investe na mudança consciente dos pressupostos e das atitudes implícitas.

Espero que o governo de Portugal, qualquer que esteja nesse momento em funções, assuma primordialmente a defesa do País e saiba preservar o interesse Nacional no fórum europeu quando, um dia que espero longínquo, a crise europeia deflagrar em força; aguardemos então que da nossa parte haja muita esperança, sageza e coragem, não menor do que aquela já demonstrada nos momentos cruciais da história pelos nossos antepassados.

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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Timor em Estado de Sítio




Algo está podre na República Democrática de Timor-Leste...

Qual a influência australiana e dos seus aliados em Timor-Leste, para que serve e a quem serve? À existência independente do Estado de Timor ou antes pelo contrário? Afinal a Austrália não é membro das Nações Unidas? Então como se explica que se mantenha à margem dos objectivos da Missão Integrada da ONU no território timorense?

Portugal tem uma obrigação histórica, afectiva, moral e política de auxiliar o Estado de Timor-Leste a consolidar-se plenamente. Esse caminho é ainda longo, mas não há que ter nesse assunto quaisquer hesitações: os timorenses pedem ajuda a Portugal e, ao contrário do que tem sucedido entre procrastinações para “pensar”, o governo dos aliados lusos devem imediatamente agir. Doutro modo será a Austrália a pensar pelos timorenses e a agir em função dos seus próprios interesses.

Desconheço quais os acordos secretos, ou subentendidos, que vigoram nos corredores diplomáticos acerca da influência regional de Camberra naquela zona do mundo e que levam a que o Estado Português aceite desempenhar um papel terciário em Timor-Leste.

Bem se vê como tem decorrido o processo político, económico e social na consolidação da democracia timorense. O sinal mais claro da influência australiana foi dado, em Fevereiro de 2007, pelo parlamento timorense: a rectificação do acordo de exploração e partilha das receitas de dois dos maiores campos de petróleo do Mar de Timor, denominados de Greater Sunrise e Bayu Undan.

Estranha coincidência sobre influências: aquela rectificação era uma intenção de Ramos Horta quando tomou posse como primeiro-ministro apoiado pela Austrália, antes de trocar de lugar com Xanana Gusmão.

Outra coincidência: hoje, supostamente ambos foram alvos de atentados, nos quais Xanana Gusmão saiu ileso, Ramos Horta foi gravemente ferido, tendo morrido apenas um major dissidente anteriormente formado na Austrália. O mesmo "rebelde" que liderou um grupo de militares descontentes e a quem tem sido permitido o estatuto de Robin-dos-bosques, com embaraços óbvios para o governo de Timor. Hoje, eventualmente terá tentado um Golpe de Estado que falhou entre muitas incógnitas ainda por esclarecer.

O mais bizarro nesta situação é que a permanência das forças australianas em Timor-Leste foi legitimada a pedido e com a anuência de ambos Senhores Ramos Horta e Xanana Gusmão, os mesmos que hoje sofreram um atentado (quase mortal para um deles) por parte de dessidentes liderados por uma "criatura" rebelde, treinada pelos australianos. Deve ser moda, o feitiço virar-se contra o feiticeiro...no entanto, nem tudo o que parece é e nem tudo o que é, parece.

Por agora, todos os interveniente se vêm livres de um problema imediato: o fim do rebelde "major Alfredo Reinado", que corre o risco (ou a vã glória) de ser coroado como mártir pelos descontentes mais radicais. E estes são muitos, precisamente porque a pobreza em que se encontra o povo, em múltiplos aspectos, é enorme.

Na situação extremamente frágil no campo social, económico e até político, a Igreja Católica também desaproveitou a fé nela depositada, e como tal deve assumir responsabilidades e daí agir em consequência mostrando a face como Cristo: em Timor falta a formação de quadros, o planeamento estratégico, o investimento económico, a organização das forças armadas, a efectiva unicidade da noção de Estado, a instrução popular para a cultura democrática. Nestes aspectos também as ONG`s e a CPLP estão bem longe daquilo que poderia ser a sua função. Mas não estão sozinhas: a comunidade internacional, a começar na ONU, continua inoperante, principalmente por influência dos EUA e da Austrália.

Entretanto Portugal aceita cumprir um papel subserviente aos interesses da Austrália, e dos seus aliados, ao invés de assumir a liderança no cumprimento da missão que foi decidida pelo Conselho de Segurança aquando a aprovação do Plano do processo de Independência de Timor-Leste.

É certo que a Austrália, por óbvias vantagens e razões estratégicas, se adiantou a tudo e a todos aquando da intervenção militar pós referendo. Tratava-se naquele tempo de uma premência necessária por força da violência que eclodiu quando a Indonésia percebeu que havia perdido o referendo sobre a independência. Pena é que esses mesmos australianos não tenham tido a mesma atitude nos anos 70, quando a Indonésia invadiu Timor; talvez nesse tempo aos políticos da terra dos cangurus só lhes cheirasse ao mau odor do napalm que incinerava os corpos e não ao inebriante aroma dos milhões de dólares australianos que vão agora obter dos poços petrolíferos do mar de Timor, e que continuam a ser motivo para tomarem a liderança militar, e logo estratégica, de influência sobre situação política Timorense.

Convém recordar nesta equação confusa da situação timorense a imposição de Camberra tem sido fortemente criticado pela FRETILIN que acusa os militares australianos de condicionarem a política interna de Timor-Leste. Ora aqui está um potencial “suspeito do costume”, vamos lá a ver como se desenrola este rendilhado maquiavélico.

Mas para complicar as eventuais futuras investigações, surgem as notícias de que Ramos-Horta terá sido baleado uma hora depois do guerrilheiro major dissidente protegido pela Austrália já estar morto, que o rebelde abatido foi filmado e a imagem emitida "tratada" (por quem e como foi isso possível numa situação de emergência?),tudo isto entre mais coincidências operacionais, ausências na protecção e silêncios dos militares da guarnição australiana, que segundo as chefias militares timorenses, haviam sido préviamente informados de movimentações estranhas que indiciariam um atentado a Ramos Horta. Além disto, como se entendem 2 tiroteios na casa do Presidente com uma hora de intervalo sem quaiquer pedidos de ajuda de permeio às forças portuguesas da GNR e outras demais confusões e poeiras que se levantaram no decorrer deste atribulado dia?

Enquanto o pó assenta e a ONU e Portugal agem (ou algo vagamente semelhante) como sempre, os australianos já anunciaram o envio imediato de mais 200 militares e polícias para o território timorense. Segundo afirmam os autralianos, tal foi-lhes solicitado "pelo Estado de Timor", supõe-se que pelo Governo do Primeiro-Ministro Xanana Gusmão. Esperemos pois que façam por ser isentos e cumpram as obrigações anteriormente assumidas, e que não decidam agir como quem faz o que pode, o que quer e a quem quer.

Pelo menos, no meio de tudo até agora tem havido a decência de não se usar o vocábulo “terrorismo”. Mas no Tempo em que todos os meios justificam os fins, nada me surpreende.

Sti Fotia



Um querido amigo aos 16 anos fez uma daquelas coisas típicas da adolescência: quis mostrar ao Mundo que tinha valor. De facto, tinha nessa altura e tem muito mais hoje em dia, mas não só por cantar Alexandros Panayi na perfeição sem saber uma palavra de grego mas pela pessoa criativa, excelente compositor e escritor que é hoje, passados 12 anos. Ora como todos nós temos que assumir que o presente também é resultado do passado, posto este vídeo para recordação no futuro.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Padre António Vieira - O Imperador da Língua Portuguesa



"Demócrito ria, porque todas as coisas humanas lhe pareciam ignorâncias; Heraclito chorava, porque todas lhe pareciam misérias: logo maior razão tinha Heraclito de chorar, que Demócrito de rir; porque neste mundo há muitas misérias que não são ignorâncias, e não há ignorância que não seja miséria".





O «Imperador da Língua Portuguesa», como lhe chamou Fernando Pessoa, nasceu em Lisboa no dia 06 de Fevereiro de 1606. Ao longo de 89 anos, o padre António Vieira atravessou sete vezes o oceano Atlântico e percorreu milhares de quilómetros no Brasil, onde faleceu. Missionário e diplomata, é também considerado um percursor da defesa dos direitos humanos.

Deixou uma obra literária composta por 200 sermões, 700 cartas, tratados proféticos e dezenas de escritos filosóficos, teológicos, espirituais, políticos e sociais.