quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Franco em 1940 decidiu preparar a invasão de Portugal


Eis uma notícia publicada no Jornal Público de 23 de Outubro e hoje republicada no jornal "i" por Patrícia Silva Alves.
Transcrevo o artigo mais recente porque confirma um assunto sobre o qual já havia postado aqui a minha opinião, baseado em alguns dados até ao momento existentes e que agora são inequívocamente reconfirmados.

« O Plano de Campanha n.º 1 (34) esteve 70 anos em segredo. Em 2005, Manuel Ros Agudo encontrou a prova de que o general espanhol queria conquistar Portugal :

Francisco Franco, o General que liderou Espanha com punho de ferro entre 1939 e 1975, planeou invadir Portugal durante a Segunda Guerra Mundial.

A intenção estratégica é confirmada por documentos que estiveram em segredo durante 70 anos e que o investigador Manuel Ros Agudo encontrou nos arquivos da Fundação Francisco Franco, em 2005.

O professor da Universidade de San Pablo, em Madrid, foi o primeiro a ler a frase escrita num documento produzido pelo estado-maior espanhol a pedido de Franco em 1940: "Decidi preparar a invasão de Portugal, com o objectivo de ocupar Lisboa e o resto da costa portuguesa". Era o Plano de Campanha n.o 1 (34), um documento com a classificação de ultra- -secreto revelado na conferência "A Península Ibérica na Segunda Guerra Mundial - Os planos de invasão e defesa de Portugal", do Instituto de Defesa Nacional (IDN).

O plano mostra que o Generalíssimo Franco tinha projectos expansionistas, apesar de não ter entrado na Segunda Guerra Mundial. Para os portugueses, é a confirmação de que as boas relações diplomáticas valiam sobretudo no papel.

O tratado de amizade e não agressão entre Portugal e Espanha tinha sido assinado em Março de 1939, mas em 1940 já Franco tinha o plano de campanha nas mãos.

António Telo, presidente do IDN, garante que se o plano fosse em frente Portugal sucumbiria: "Não tínhamos capacidade para nos defendermos, nem planos de ataque credíveis. Espanha tinha aumentado o seu arsenal na Guerra Civil e a Alemanha e a Itália tinham-na armado com tecnologia moderna de guerra."
À falta de meios somava-se a falta do apoio britânico, apesar da aliança entre Lisboa e Londres. "Inglaterra tinha outras prioridades. No máximo, os ingleses ajudavam-nos a ir para os Açores", defende o director do IDN.

Esse era o plano português, delineado para um eventual ataque espanhol: transferir os órgãos de soberania para o arquipélago.

Manuel Ros Agudo, professor de História Contemporânea, pensa que Salazar nunca soube das intenções do generalíssimo: "Era um documento secreto. Apenas Franco, o ministro da Defesa, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e os gráficos sabiam da sua existência."

Que futuro para Portugal?

Para Ros Agudo, ou os portugueses aceitavam o ocupante ou Portugal teria um governo marioneta temporário: "No caso de haver resistência e descontentamento, estou convencido de que Franco arranjava um governo de acordo. Não forçava a integração e poderia mesmo dar depois a independência a Portugal." O historiador espanhol admite que a invasão seria uma acção preventiva, para Espanha ganhar vantagem sobre um eventual avanço britânico na Península Ibérica.

O historiador Fernando Rosas, também presente na conferência, lembra que a principal operação para Franco seria a tomada de Gibraltar. E a entrada em Portugal era a tentativa de "remediar um erro". "Espanha chamava assim a parte que lhe competia, completando um velho desiderato das elites espanholas", que passava por retomar o poder em Portugal, perdido em 1640.

Os entraves dos planos aos actos, faltou a Franco a aprovação das forças do Eixo (Alemanha/Itália): invadir Portugal significava declarar guerra a Inglaterra e, após sete horas de conversa entre Franco e Hitler, em Hendaya, em 1940, o Führer não ficou convencido. "Era uma utopia que não se podia concretizar e Franco não arriscou", justifica Ros Agudo.

Mesmo que Franco planeasse a invasão à revelia do Eixo, Espanha ainda se debatia com dificuldades económicas e falta de preparação militar para os cinco anos que a invasão iria exigir. Precisaria sempre do apoio alemão e italiano, sobretudo se o Reino Unido reforçasse as fileiras lusas.

A cúpula espanhola considerava mesmo que a existência de Portugal não fazia sentido, como provam os registos de uma conversa entre ministros dos Negócios Estrangeiros de Espanha e da Alemanha em Setembro de 1940:

- "Ninguém pode deixar de dar conta ao olhar para o mapa da Europa que, geograficamente falando, Portugal na realidade não tem o direito de existir. Tem apenas uma justificação moral e política para a sua independência pelos seus quase 800 anos de existência", referia Serrano Suñer ao homólogo Joachim von Ribbentrop, revela Ros Agudo. "Serrano só dizia o que Franco queria que se soubesse", lembra o Historiador.

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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Portugal está na linha da frente no acolhimento de cidadãos estrangeiros




As Nações Unidas consideram que Portugal está actualmente na vanguarda no acolhimento de imigrantes. É dos países, que cediam sobretudo mão-de-obra ao estrangeiro, que melhor se soube adaptar à transformação ocorrida nos últimos anos, tornando-se em pátria de acolhimento.

No relatório sobre o Índice de Desenvolvimento Humano, publicado este ano, a ONU dá destaque às migrações e, entre estes elogios, aponta também para um claro aumento no número de imigrantes que virão trabalhar para Portugal.

Em 2005, eram mais de 763 mil. No próximo ano de 2010 Portugal vai ter quase 920 mil imigrantes. A estimativa é das Nações Unidas que elogia a forma como Portugal acolhe os cidadãos estrangeiros.

Em contrapartida, como destino, três em cada cinco portugueses que saem do país escolhem emigrar para a Europa, sendo a América do Norte, o segundo destino mais procurado pelos emigrantes portugueses.

O Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas revela ainda que em todo o mundo, a maioria dos migrantes desloca-se dentro das próprias fronteiras. Há quase quatro vezes mais pessoas a mudarem-se dentro do próprio país do que para o estrangeiro.

Os mais pobres têm mais riscos, mas também mais benefícios na migração. Entre os benefícios, os rendimentos aumentam em média, 15 vezes mais, a mortalidade infantil cai para valores 16 vezes mais baixos. Entre os riscos, contam-se as despesas financeiras, o risco de exploração, abuso e encarceramento sobretudo dos imigrantes clandestinos.

Para melhorar as condições dos migrantes, a ONU apresenta um pacote de seis reformas: abrir os canais para mais trabalhadores, sobretudo os menos qualificados; garantir serviços básicos como a educação e os serviços médicos; baixar as despesas da migração; facilitar a migração interna; encontrar soluções benéficas para os migrantes e as comunidades de destino e por último, fazer da migração uma área estratégica.

O relatório anual das Nações Unidas sobre o Índice de Desenvolvimento Humano avalia o bem estar das pessoas e este ano Portugal caiu um lugar no ranking ocupando agora a posição
n.º 34, mas surge incluído no grupo de países com o índice de desenvolvimento mais elevado.


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domingo, 11 de outubro de 2009

The Winner Takes It All



Duas pessoas apaixonam-se. Criam expectativas, fazem planos de futuro, promessas de amor eterno. Vivem dias bons, outros assim-assim e dias maus. A névoa da ilusão dissipa-se pouco a pouco, a paixão esvai-se por entre crescentes mal-entendidos disfarçados de compreensão. O diálogo não as aproxima, instalam-se dúvidas e sentimentos contraditórios. A frustração cresce, às vezes mais num no que noutro. Um dia, um dos dois toma uma decisão e age contra ambos. Faz um gesto radical, diz algo proibido que quebra o elo comum. Dessa agressão à união emerge a ruptura iminente. Há resistência, até negação mas acontece. Surge a tristeza, a desilusão, a revolta, uma tempestade de sentimentos agitadores. Separados, cada um faz o luto da perda por caminhos mais ou menos longos, mais ou menos saudáveis, entre um campo de batalha muitas vezes com destruição afectiva e feridas emocionais. Ficam memórias, perdem-se recordações, reconstroem-se narrativas, saram-se as feridas no ego. Este ciclo geralmente recomeça e repete-se quando não se aprende e se corrige padrões de funcionamento anteriores.

É um percurso comum, com o qual milhões de pessoas se podem identificar. Estas vivências sentimentais, estas histórias vulgares – sejam de paixão sensual, de amarga desilusão, ou outras exaltações emocionais – porque são património comum da humanidade foram, desde sempre na história humana, contadas por prosa, verso e pela música. Foi a contemporânea sociedade de consumo que as massificou por via da indústria POP. E este esquema lírico de promoção à identificação projectiva de um património emocional comum às pessoas, neste caso aos potenciais consumidores, tendo sido usado com sucesso por muitos outros artistas (músicos, pintores, escritores, etc.) foi muito bem aplicado pelos ABBA, há que reconhecer, quer se goste ou não do género.

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