terça-feira, 25 de setembro de 2007

O Lobo com pele de cordeiro


Repito o post de 12 de Julho a que acrescento este comentário: o Presidente do Irão mentiu descaradamente ontem, ao vivo e a cores para todo o mundo, num discurso feito numa Universidade Americana. Mentiu neste tema(da execução de gays no Irão) pelo que deduzo que o fez também em outros assuntos internos, como o nuclear, os direitos das mulheres, o terrorismo de Estado. Que credibilidade tem o regime de Teerão? Lamento a sorte de um povo, como lamento o destino que nos espera.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Natália de Andrade interpreta "Madame Butterfly"

Uma mulher com um sonho tenaz, sempre belo e admirável em qualquer ser humano sensível, o de cantar ópera e ser uma diva do belo canto... Uma edição de canções interpretadas e pagas por si, admirável persistência de uma alma pura...Um pesadelo aos ouvidos do Mundo ou um optimo substituto ao Prozac, venha o diabo e escolha! Deus a guarde, conseguiu ir mais além do que um dia sequer imaginou.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mania e Maníacos


A mania caracteriza-se por uma actividade física excessiva e sentimentos de euforia extremos que são muito desproporcionados em relação a qualquer acontecimento positivo. A hipomania é uma forma leve de mania.

Embora uma pessoa possa ter uma depressão sem episódios maníacos (perturbação unipolar), a mania apresenta-se, mais frequentemente, como parte de uma doença maníaco-depressiva (perturbação bipolar).

As poucas pessoas que parecem apresentar só mania podem ter, de facto, episódios depressivos ligeiros ou limitados no tempo. A mania e a hipomania são menos frequentes do que a depressão e são também mais dificilmente identificáveis, porque, enquanto a tristeza intensa e prolongada pode levar a consultar um médico, a euforia fá-lo com muito menos frequência (dado que as pessoas com mania não têm consciência de ter um problema no seu estado mental ou no seu comportamento). O médico deve excluir a presença de uma doença orgânica subjacente na pessoa que sofre de mania pela primeira vez, sem episódio depressivo prévio.

Sintomas e diagnóstico:
- Os sintomas maníacos desenvolvem-se tipicamente de forma rápida em alguns dias. Nas fases precoces (leves) da mania, a pessoa sente-se melhor do que habitualmente e muitas vezes aparece mais alegre, rejuvenescida e com mais energias.

Uma pessoa maníaca está geralmente eufórica, mas pode também estar irritável, reservada ou francamente hostil. Geralmente crê que se encontra muito bem. A sua ausência de reparos nesta situação, juntamente com uma enorme capacidade de actuação, pode fazer com que a pessoa se torne impaciente, intrusiva, intrometida e irritável, com tendência para a agressão, quando alguém se aproxima dela. A actividade mental acelera-se (uma situação chamada fuga de ideias). A pessoa distrai-se facilmente e muda constantemente de tema ou tenta abordar outro novo. Pode ter a falsa convicção de riqueza pessoal, poder, inventiva e génio e pode assumir de forma temporária identidades grandiosas, crendo, por vezes, que é Deus.

A pessoa pode julgar que está a ser ajudada ou perseguida por outras ou tem alucinações, em que ouve e vê coisas que não existem. Diminui a sua necessidade de sono. Uma pessoa maníaca empenha-se em várias actividades de forma inesgotável, excessiva e impulsiva (como tentativa de negócios arriscados, visita a casas de jogo ou comportamentos sexuais perigosos), sem reconhecer os perigos sociais inerentes a essas actividades. Em casos extremos, a actividade física e mental é tão frenética que se perde qualquer relação clara entre o humor e a conduta numa espécie de agitação sem sentido (mania delirante). Requer-se então tratamento imediato, porque a pessoa pode falecer de esgotamento físico.
Em casos de mania com menor grau de hiperactividade, pode requerer-se a hospitalização para proteger a pessoa e os seus familiares da ruína por um comportamento económico ou sexual desaforado.

A mania diagnostica-se pelos seus sintomas, que são caracteristicamente óbvios para o observador. No entanto, como as pessoas com mania se caracterizam por negar qualquer problema, os médicos geralmente têm de obter a informação através dos membros da família. Os questionários não se utilizam tão amplamente como na depressão.

Tratamento:
- Os episódios de mania não tratados acabam de modo mais brusco do que os da depressão e são habitualmente mais curtos, durando de poucas semanas a vários meses. O médico tenta por todos os meios tratar o doente no hospital, porque a mania é uma emergência médica e social.

Um fármaco, o lítio, pode reduzir os sintomas da mania. Dado que o lítio demora de 4 a 10 dias a fazer efeito, muitas vezes administra-se de forma concomitante outro medicamento, como o haloperidol, para controlar a excitação do pensamento e da actividade. No entanto, o haloperidol pode provocar contracção muscular e movimentos anormais, e, portanto, administra-se em pequenas doses, em combinação com uma benzodiazepina, como o lorazepam ou o clonazepam, que aumentam os efeitos antimaníacos do haloperidol e reduzem os seus efeitos secundários desagradáveis.

Depressão


A depressão é um sentimento de tristeza intenso; pode ocorrer depois de uma perda recente ou de outro facto triste, mas é desproporcionado relativamente à magnitude do facto e persiste para além de um período justificado.

Depois da ansiedade, a depressão é a perturbação psiquiátrica mais frequente. Estima-se que cerca de 10 % das pessoas que consultam um médico pensando que têm um problema físico sofrem na realidade de depressão. A depressão começa habitualmente entre os 20 e os 50 anos. Os nascidos nas últimas décadas do século XX parecem ter uma incidência maior de depressão do que as gerações anteriores.
Um episódio de depressão dura habitualmente de 6 a 9 meses, mas em 15 % a 20 % dos doentes dura 2 anos ou mais. Os episódios tendem geralmente a repetir-se várias vezes ao longo da vida.

Causas:
- As causas da depressão não se conhecem por completo. Existe um número de factores que podem predispor uma pessoa a sofrer de depressão mais do que outra, como a predisposição familiar (factores hereditários), os efeitos secundários de alguns tratamentos, uma personalidade introvertida e acontecimentos emocionalmente desagradáveis, particularmente os que implicam uma perda. A depressão pode também surgir ou piorar sem qualquer acontecimento vital stressante.

As mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer de depressão, embora as razões não estejam completamente claras. Os estudos psicológicos demonstram que as mulheres tendem a responder à adversidade fechando-se em si próprias e autoculpando-se. Pelo contrário, os homens tendem a negar a adversidade e a dedicar-se em pleno a diversas actividades. Quanto aos factores biológicos, os mais responsáveis são os hormonais. As alterações nos valores hormonais, que podem provocar mudanças de humor exactamente antes da menstruação (tensão pré-menstrual) e depois do parto (depressão pós-parto), podem ter algum papel nas mulheres. Nas que sofreram depressões, podem ocorrer mudanças hormonais semelhantes depois do uso de anticoncepcionais orais. A função tiróidea anormal, que é bastante frequente nas mulheres, pode constituir outro factor.

A depressão que se produz depois de uma experiência traumática, como a morte de um ente querido, chama-se depressão reactiva. Algumas pessoas podem deprimir-se de modo temporário como reacção a certos períodos de férias (férias tristes) ou aniversários com certo significado, como o aniversário da morte de um ente querido. A depressão sem precipitantes aparentes conhece-se como depressão endógena. Estas distinções, no entanto, não são muito importantes, dado que os efeitos e o tratamento das depressões são semelhantes.

A depressão pode também acontecer com um certo número de doenças ou de perturbações físicas. As perturbações físicas podem causar uma depressão directamente (como quando uma doença tiróidea afecta os valores hormonais, o que pode induzir depressão) ou indirectamente (como quando a artrite reumatóide causa dor e incapacidade, o que pode conduzir à depressão).

Muitas vezes, a depressão em consequência de uma perturbação física tem causas directas e indirectas. Por exemplo, a SIDA pode, directamente, causar depressão se o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que a provoca, danificar o cérebro; a SIDA pode causar depressão de forma indirecta quando tem um impacte global negativo na vida da pessoa.

Vários fármacos, sobretudo os utilizados para tratar a hipertensão arterial, podem causar depressão. Por razões desconhecidas, os corticosteróides causam muitas vezes depressão quando são produzidos em grandes quantidades no contexto de uma doença, como na síndroma de Cushing, mas tendem a causar euforia quando se administram como tratamento.

Existe um número de situações em psiquiatria que podem predispor para a depressão, como certas perturbações por ansiedade, o alcoolismo e a dependência de outras substâncias, a esquizofrenia e a fase precoce da demência.

Sintomas:
- Os sintomas desenvolvem-se, habitualmente, de forma gradual ao longo de dias ou de semanas. Uma pessoa que está a entrar numa depressão pode aparecer lenta e triste ou irritável e ansiosa. Uma pessoa que tende a concentrar-se em si mesma, a falar pouco, a deixar de comer e a dormir pouco está a sofrer uma depressão vegetativa. Uma pessoa que está muito inquieta, retorcendo as mãos e falando continuamente está a experimentar o que se conhece como depressão agitada.

Muitas pessoas com depressão não podem exprimir normalmente as suas emoções (como a aflição, a alegria e o prazer); em casos extremos, o mundo aparece diante delas como descolorido, sem vida e morto. O pensamento, a comunicação e outras actividades de tipo geral podem tornar-se mais lentos, até cessarem todas as actividades voluntárias.

As pessoas deprimidas podem estar preocupadas por pensamentos profundos de culpabilidade e ideias auto-ofensivas e podem não ser capazes de se concentrarem adequadamente. Estas pessoas estão muitas vezes indecisas e fechadas em si próprias, têm uma sensação progressiva de desamparo e falta de esperança e pensam na morte e no suicídio.

Geralmente, os depressivos têm dificuldade em conciliar o sono e acordam repetidamente, sobretudo cedo pela manhã. É habitual uma perda de desejo sexual ou do prazer em geral. A alimentação escassa e a perda de peso conduzem, por vezes, à emaciação, e nas mulheres a menstruação pode ser interrompida. No entanto, o excesso alimentar e o aumento de peso são frequentes nas depressões ligeiras.

Em cerca de 20 % dos depressivos, os sintomas são ligeiros, mas a doença dura anos, muitas vezes décadas. Esta variante distímica da depressão começa, frequentemente, cedo na vida e está associada a alterações características da personalidade. As pessoas nesta situação são melancólicas, pessimistas, não têm sentido de humor ou são incapazes de se divertir, são passivas e apáticas, introvertidas, cépticas, hipercríticas ou com queixas constantes, autocríticas e cheias de auto-repreensões. Preocupam-se com a falta de adaptação, o fracasso e os acontecimentos negativos ao ponto de chegarem ao desfrute mórbido dos seus próprios fracassos.

Algumas pessoas depressivas queixam-se de ter uma doença orgânica, com diversas queixas e dores, ou receio de sofrerem desgraças ou de se tornarem loucas. Outras pensam que têm doenças incuráveis ou vergonhosas, como o cancro ou as doenças de transmissão sexual ou a SIDA e que estão a infectar outras pessoas.

Cerca de 15 % das pessoas deprimidas, mais comummente aquelas com depressão grave, têm delírios (crenças falsas) ou alucinações, vendo e ouvindo coisas que não existem. Podem acreditar que cometeram pecados imperdoáveis ou crimes ou podem ouvir vozes que os acusam de vários delitos ou que os condenam à morte. Em casos raros, imaginam que vêem caixões ou familiares falecidos. Os sentimentos de insegurança e de fraca auto-estima podem conduzir as pessoas intensamente deprimidas a acreditar que são observadas e perseguidas. Estas depressões com delírios denominam-se depressões psicóticas.

Os pensamentos de morte estão entre os sintomas mais graves de depressão. Muitos deprimidos querem morrer ou sentem que a sua auto-estima é tão escassa que deveriam morrer. Cerca de 15 % das pessoas com depressão grave têm uma conduta suicida. Uma ideia de suicídio representa uma situação de emergência e qualquer pessoa nessas condições deve ser hospitalizada e mantida sob supervisão até que o tratamento reduza o risco de suicídio.

Diagnóstico:
- O especialista é geralmente capaz de diagnosticar uma depressão a partir dos sintomas e dos sinais. Uma história prévia de depressão ou uma história familiar de depressão ajudam a confirmar o diagnóstico.

Por vezes, utilizam-se questionários estandardizados para ajudar a medir o grau de depressão. Dois questionários deste tipo são a escala de percentagem da depressão de Hamilton, que se efectua de modo verbal por um entrevistador, e o inventário da depressão de Beck, que consiste num questionário que o paciente deve preencher.

Os exames laboratoriais, geralmente análises ao sangue, podem ajudar o médico a determinar as causas de algumas depressões. Isso é particularmente útil nas mulheres, nas quais os factores hormonais podem contribuir para a depressão.

Em casos difíceis de diagnosticar, os médicos podem efectuar outros exames para confirmar o diagnóstico de depressão. Por exemplo, dado que os problemas do sono são um sinal proeminente de depressão, os médicos especializados no diagnóstico e no tratamento das perturbações de humor podem fazer um electroencefalograma durante o sono para medir o tempo que a pessoa demora a chegar à fase de movimento rápido dos olhos (o período em que ocorrem os sonhos). Geralmente demora-se 90 minutos. Numa pessoa com depressão costuma atingir-se em menos de 70 minutos.

Prognóstico e tratamento:
- Uma depressão sem tratamento pode durar 6 meses ou mais. Embora possam persistir leves sintomas em algumas pessoas, o funcionamento tende a voltar à normalidade. Em qualquer caso, os depressivos sofrem geralmente episódios repetidos de depressão, numa média de quatro a cinco vezes ao longo da vida.

Hoje em dia, geralmente, a depressão trata-se sem necessidade de hospitalização. No entanto, por vezes, uma pessoa deve ser hospitalizada, especialmente se tem ideias de suicídio ou se já o tentou, se está demasiado débil pela perda de peso ou se tem risco de problemas cardíacos pela agitação intensa.

Actualmente, o tratamento farmacológico é o factor mais importante no tratamento da depressão. Outros tratamentos incluem a psicoterapia e a terapia electroconvulsivante. Algumas vezes, usa-se uma combinação destas terapias.

Tratamento farmacológico:
- Vários tipos de medicamentos antidepressivos estão disponíveis: os tricíclicos, os inibidores da recaptação selectiva da serotonina, os inibidores da monoaminooxidase e os psicoestimulantes, mas eles devem ser tomados de forma regular durante pelo menos várias semanas antes de começarem a fazer efeito. As possibilidades de um antidepressivo específico ter êxito no tratamento são de 65 %.

Os efeitos secundários variam segundo cada tipo de fármaco. Os antidepressivos tricíclicos causam, frequentemente, sedação e determinam aumento de peso. Podem também produzir aumento do ritmo cardíaco, baixa da pressão arterial quando a pessoa se levanta, visão nublada, secura da boca, confusão, obstipação, dificuldade para começar a urinar e ejaculação retardada. Estes efeitos chamam-se anticolinérgicos e, geralmente, são mais pronunciados nas pessoas de idade avançada.

Os antidepressivos que são semelhantes aos antidepressivos tricíclicos têm outros efeitos adversos. A venlafaxina pode aumentar levemente a pressão arterial; a trazodone tem sido associada à erecção dolorosa (priapismo); a maprotilina e o bupropion, tomados em doses rapidamente aumentadas, podem provocar convulsões. No entanto, o bupropion não causa sedação, não afecta a função sexual e muitas vezes é útil em doentes com depressão e pensamento lento.

Os inibidores selectivos da recaptação de serotonina (ISRS) representam um grande avanço no tratamento da depressão, pois produzem menos efeitos secundários do que os antidepressivos tricíclicos. São também geralmente bastante seguros nas pessoas em que a depressão coexiste com uma doença orgânica. Embora possam produzir náuseas, diarreia e dor de cabeça, estes efeitos secundários são ligeiros ou desaparecem com o uso. Por estas razões, muitas vezes os médicos seleccionam primeiro os ISRS para tratar a depressão. Os ISRS são particularmente úteis no tratamento da distimia, que requer um tratamento farmacológico de longa duração. Mais ainda, os ISRS são bastante eficazes na perturbação obsessivo-compulsiva, na perturbação por pânico, na fobia social e na bulimia (alteração do apetite), que muitas vezes coexistem com a depressão. A principal desvantagem dos ISRS consiste em causarem frequentemente disfunção sexual.

Os inibidores da monoaminooxidase (IMAO) representam outra classe de medicamentos antidepressivos. As pessoas que consomem IMAO devem observar restrições dietéticas e seguir precauções especiais. Por exemplo, não devem tomar alimentos ou bebidas que contenham tiramina, como a cerveja de barril, os vinhos tintos (e também o xerez), os licores, os alimentos demasiado maduros, o salame, os queijos curados, as favas, os extractos de levedura e o molho de soja. Devem evitar fármacos como a fenilpropanolamina e o dextrometorfano, que se encontram em muito antitússicos e anticatarrais habituais, porque provocam a libertação de adrenalina e podem produzir uma subida importante da pressão arterial.
Alguns outros fármacos devem também ser evitados pelas pessoas que tomam IMAO, como os antidepressivos tricíclicos, os inibidores selectivos da recaptação de serotonina e a meperidina (um analgésico).

Indica-se habitualmente aos que tomam IMAO que transportem sempre consigo um antídoto, como a clorpromazina ou a nifedipina. Se notarem uma dor de cabeça intensa e pulsátil, devem tomar o antídoto e dirigir-se rapidamente a um serviço de urgência. Por causa das restrições difíceis na dieta e das precauções necessárias, os IMAO são raramente receitados, excepto para aquelas pessoas depressivas que não melhoraram com os outros fármacos.

Os psicoestimulantes, como o metilfenidato, reservam-se geralmente às pessoas depressivas que estão fechadas em si próprias, lentas e cansadas, ou que não melhoraram depois de ter usado todos os outros tipos de antidepressivos. As possibilidades do seu abuso são muito elevadas. Como os psicoestimulantes tendem a fazer efeito rapidamente (num dia) e facilitam a deambulação, por vezes receitam-se a pessoas deprimidas de idade avançada, convalescentes de uma cirurgia ou de uma doença que as manteve prostradas.

Psicoterapia:
- A psicoterapia usada conjuntamente com os antidepressivos pode favorecer em grande medida os resultados do tratamento farmacológico. A psicoterapia individual ou de grupo pode ajudar a pessoa a reassumir, de modo gradual, antigas responsabilidades e a adaptar-se às pressões habituais da vida, acrescentando a melhoria conseguida pelo tratamento farmacológico. Com a psicoterapia interpessoal (humanista), a pessoa recebe uma orientação para se adaptar aos diferentes papéis da vida. A terapia cognitiva pode ajudar a alterar a falta de esperança da pessoa e os seus pensamentos negativos. A psicoterapia isolada pode ser tão eficaz como a terapia farmacológica no caso das depressões ligeiras.

Terapia electroconvulsivante:
- A terapia electroconvulsivante (TEC) usa-se para tratar a depressão grave, particularmente quando a pessoa sofre de psicose, ameaça suicidar-se ou se nega a comer. Este tipo de terapia é geralmente muito eficaz e pode aliviar a depressão rapidamente, ao contrário do resto dos antidepressivos, que podem demorar várias semanas a produzir efeitos. A velocidade com que a terapia electroconvulsivante actua pode salvar vidas.

Na terapia electroconvulsivante, colocam-se eléctrodos na cabeça e aplica-se uma corrente eléctrica para induzir uma convulsão no cérebro. Por razões desconhecidas, a convulsão alivia a depressão. Administram-se, geralmente, cinco a sete sessões, em dias alternados. Como a corrente eléctrica pode causar contracções musculares e dor, a pessoa recebe anestesia geral durante a sessão. A terapia electroconvulsivante pode causar uma perda temporária de memória (raramente de forma permanente).

Depressão e mania


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A depressão e a mania representam os dois pólos opostos das perturbações do humor. As perturbações do humor são doenças psiquiátricas nas quais as alterações emocionais consistem em períodos prolongados de depressão ou de euforia (mania) excessivos. As perturbações do humor são também chamadas perturbações afectivas. Afectivo significa estado emocional expresso através de gestos e de expressões faciais.

A tristeza e o júbilo são uma parte das experiências normais da vida diária e são diferentes da depressão e da mania graves que caracterizam as perturbações do humor. A tristeza é uma resposta natural à perda, à derrota, ao desengano, ao trauma ou à catástrofe. A tristeza pode ser psicologicamente benéfica porque permite a uma pessoa afastar-se de situações ofensivas ou desagradáveis, o que a pode ajudar a recuperar.

A aflição ou o desconsolo é a reacção normal mais habitual perante uma separação ou uma perda, como a morte de um ente querido, o divórcio ou o desengano amoroso. A privação e a perda não costumam provocar depressão persistente e incapacitante, excepto em pessoas predispostas a sofrer perturbações do humor.

O êxito e os sucessos provocam geralmente sentimentos de júbilo. No entanto, o júbilo pode ser, por vezes, uma defesa contra a depressão ou uma negação da dor da perda. As pessoas que estão a morrer têm às vezes períodos de júbilo e de actividade buliçosa e algumas pessoas que sofreram alguma privação ou perda recentes podem inclusive estar exultantes mais do que desconsoladas, como seria normal. Em pessoas predispostas às perturbações do humor, estas reacções podem ser o prelúdio da mania.

Embora 25 % a 30 % das pessoas sofram alguma perturbação excessiva do humor durante a sua vida, só cerca de 10 % têm uma perturbação suficientemente importante para requerer cuidados médicos. Destas, um terço tem depressão de longa duração (crónica) e a maioria dos restantes tem episódios recorrentes de depressão. As depressões crónicas e recorrentes denominam-se unipolares. Cerca de 2 % da população tem uma situação conhecida como doença maníaco-depressiva ou perturbação bipolar, na qual alternam períodos de depressão com outros de mania (ou com períodos de mania menos intensa conhecida como hipomania).

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Atentado Ambiental no Rogil, Aljezur.


É um mar verde e ondulante que vejo deste alpendre. Com meia dúzia de eucaliptos altos como torres oscilantes, rodeados um por pinhal pequeno mas denso. O som do vento nas folhas é quase igual ao lamento das vagas desta costa atlântica que, insistentes, se desfazem na praia.

Esta tem sido uma terra generosa e fecunda que pariu hordas de animais, tanto dos selvagens como dos domésticos, enquanto nela prolificou gente corajosa e rija que por cá nasceu em abundantes gerações até há pouco mais de uma vintena de anos atrás. Depois, depois veio a migração e o esvaziamento populacional deste interior em benefício do litoral turístico da nossa amada (e maltratada) Costa de Ouro, desde Sagres até Vila Real de Santo António.

Como há males que vêm para o bem, a classificação protecção ambiental de larga faixa deste litoral vicentino permitiu salvaguardar uma preciosidade ambiental, seja como pérola costeira ainda bem preservada ou como um tesouro rural que resulta da combinação de equilíbrio entre a presença humana e a da natureza.

Podemos admitir que o Parque Natural do Sudoeste Alentejano poderia servir de exemplo ao território contíguo mas infelizmente assim não é; basta-nos prosseguir para norte através da Estrada Nacional Nº 1 ao longo do Parque no sentido Aljezur-Lisboa que, ao virar para a direita à saída do Rogil na direcção sinalizada da Barreira, estaremos em questão de minutos defronte um enorme inferno ambiental, uma paisagem lunar e de maquinarias de processamento e transporte de areias, um cenário digno de uma qualquer mina a céu aberto na exangue savana africana ou na agonizante amazónia.

Como se não bastasse, na região circundante a esta devoradora besta mecânica, como troféus silenciosos do contínuo terror ambiental, existem dezenas de enormes crateras por montes e vales, desérticos resquícios da parasitária voracidade do monstro.

Quem permitiu e permite que isto decorra num país que se quer europeu? Quem são os responsáveis por tais situações? Que se pode dizer sobre a qualidade dos pareceres técnicos que autorizaram tais aberrações, que ainda permita que o monstro labore dia e noite, num apetite insaciável? Não se sabe, não se quer saber, e prossegue a monstruosidade, como um tumor que cresce e se espalha, insidioso, pelo habitat natural da região.

O absurdo é ainda maior já que tal realidade ocorre num concelho que possui uma zona industrial delimitada, própria para este tipo de indústrias e que está praticamente vazia.

Mais absurdo ainda é que este concelho tem uma ambição propalada amiúde pela elite local: querem ver desenvolvido o turismo de qualidade, dizem ter aprendido com os erros urbanísticos e de ordenamento do território do litoral sul, estão “preocupados com a qualidade ambiental”. Pois não parece!

Com exemplos como aquele que acima está descrito esses senhores, esses baronetes politicos locais, assim como todos os outros responsáveis institucionais regionais que ao longo dos anos têm sido responsáveis sempre distantes, repetem ignominiosamente os erros que publicamente repudiam.

As gentes que por aqui agora habitam gostam desta terra, tanto faz que sejam nativos como que sejam de fora; por aqui se acolhem em domicílio ou para comummente reporem em si mesmos, por mais ou menos largos períodos, a paz e o bem-estar que aqui se faz sentir. Para o efeito há o mar e a costa deslumbrantes, há a serra belíssima, a charneca frondosa, as pessoas genuínas, as festas, feiras e romarias, o artesanato que vende e exporta, as pequenas novas industrias tecnológicas, o comércio e os serviços indispensáveis à sociedade moderna, e o cada vez mais emergente Turismo de Qualidade, tudo acolhedor num imenso abraço do Portugal Vicentino.

Quem no seu perfeito juízo poderia querer arruinar esta riqueza ambiental e humana, que se mescla com pinheiros, azinheiras, vinhas frondosas e hortas luxuriantes? Chão que dá milho e pomares variados, terra para onde a hidromecânica dos homens trouxe a distante água da Barragem de Santa Clara, região em que o clima do imenso oceano azul e profundo tempera os rigores vizinhos da meseta e do mediterrâneo.

Em pleno terceiro milénio – quando se insiste permanentemente na premência ambiental e no alerta climático sobre risco do actual modelo de desenvolvimento não sustentável – como podemos entender e como podemos aceitar que se venda a eito o chão nativo às megas toneladas?
Este rico solo, por ser arenoso é por isso mesmo apetecível aos exploradores; este lucrativo chão, que paradoxalmente e para cúmulo da situação está classificado com Reserva Agrícola, está desde há uma dezena de anos a ser extraído sem dó nem piedade, numa avidez misteriosamente consentida: ora oficiosamente desculpada pelas autoridades municipais através de motivos antinómicos baseados em obsoletos conceitos de desenvolvimento local, ora oficialmente permitida pelas autoridades institucionais regionais (por vá-se lá se saber por qual causa ou contraditória fundamentação), ora até pela ausência da presença fiscalizadora do Estado, que no seu todo, agiu e continua agindo em movimento de evidente inércia.

O futuro dirá quem tem razão e quem agiu criminosamente.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Saúde mental em Portugal no início do Século Vinte e Um


Problemas mentais em Portugal afectam 2,3 milhões

A propósito de uma notícia de imprensa sobre a saúde mental dos portugueses, nada de novo para os profissionais da área que há anos apelam para a atenção dos decisores das politicas de saúde para a necessidade de investimento sério na área da saúde mental.

À custa da ineficácia do Sistema Nacional de Saúde acerca dos recursos disponibilizados para a saúde mental em locais adequados e por técnicos habilitados, o erário público perde milhões e milhões de euros em psicofármacos e outros consumos medicamentosos mais ou menos prescritos ou auto-medicados. Sabemos disso e também da conivência de muitos médicos (de família e não só), que conscientes da inexistência de soluções institucionais disponíveis, adoptam a atitude técnica de prescrição de manutenção ou contenção dos problemas mentais através de medicação, pura e simplesmente.

Faço notar que compreendo a atitude médica vigente: protelam a resolução das perturbações mentais e das causas subjacentes porque não sabem como fazê-lo, não foram treinados para tal e isso compreende-se. Perante o padecimento dos seus pacientes, atenuam os sintomas através de medicação tão só porque sabem que os pacientes estão em sofrimento mental e não existem recursos disponíveis para terapias eficazes. Tais terapias, num sistema de tratamento eficaz, requerem intervenção pluridisciplinar (intervenção psicoterapêutica coadjuvada por medicação, quando também não requer outras áreas das ciências humanas, como por exemplo a nutrição ou o apoio social).

Os próprios doentes, habituados “ao comprimido mágico” exigem receitas e drogas que lhes retirem as dores e atordoem a consciência dolorosa; para uma maioria daqueles, em sofrimento, deseducada e dependente, não lhes importam tanto que permaneçam as causas e os problemas, interessa é que lhes atenuem os sintomas.
Por seu lado, as farmacêuticas só têm a lucrar com a situação, por razões óbvias sobre as quais me escuso a comentar, por ser assunto evidente.
Eis pois o artigo que suscitou o meu comentário prévio:

«Portugal tem 2,3 milhões de pessoas a sofrer com problemas psicológicos, representando cerca de 28 por cento da população, segundo o último inquérito nacional de saúde.

Números que assumem proporções epidémicas, sendo ainda necessário fazer uma distinção das situações de foro psiquiátrico.

No que diz respeito à população mundial, mais de 30 por cento sofre de uma doença mental, refere um relatório, que contou com a contribuição de 39 especialistas internacionais, a ser publicado na prestigiada revista ‘The Lancet’.

Segundo o actual Director-Geral da Saúde, Francisco George, “os problemas de saúde mental assumem proporções epidémicas”, referindo que as estimativas da Direcção-Geral da Saúde apontam para “que cerca de 20 por cento dos frequentadores dos centros de saúde tenham um problema de foro mental”. No entanto, o director-geral alerta para a necessidade de se distinguirem esses problemas “das situações de foro psiquiátrico mais graves”.

Uma ideia corroborada por António Leuschner, director do Hospital Magalhães Lemos, no Porto, que revela a realização de um inquérito exaustivo em Portugal sobre saúde mental. “Os números são projecções de estudos feitos numa escala menor que depois são aplicados a Portugal. Talvez no final de 2008 se possa ter um retrato fiel da situação no País”.

Os artigos da ‘The Lancet’ fazem referência à falta de tratamento de problemas mentais, que se aproxima dos 90 por cento em países desenvolvidos. António Leuschner não se mostrou surpreendido, realçando a importância de aumentar “o acesso e o número de serviços de saúde mental, assim como o auxílio atempado das pessoas que os procuram
”.

André Pereira, CM de 04/09/2007 »

domingo, 2 de setembro de 2007

Cheb Khaled - Didi in Caro Diario de Nani Moretti (clique aqui)

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Caro Diario, de Nani Moretti (1994), um filme cuja banda sonora original inclui esta canção “Didi”, de Cheb Khaled nosso vizinho argelino, relembra-me que o mediterrâneo passa por lá e por aqui.