segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Gregorio Allegri: Miserere Mei, Deus



Miserere mei, Deus: secundum magnam misericordiam tuam. Et secundum multitudinem miserationum tuarum, dele iniquitatem meam. Amplius lava me ab iniquitate mea: et a peccato meo munda me. Quoniam iniquitatem meam ego cognosco: et peccatum meum contra me est semper. Tibi soli peccavi, et malum coram te feci: ut iustificeris in sermonibus tuis, et vincas cum iudicaris. Ecce enim in iniquitatibus conceptus sum: et in peccatis concepit me mater mea. Ecce enim veritatem dilexisti: incerta et occulta sapientiae tuae manifestasti mihi. Asperges me hysopo, et mundabor: lavabis me, et super nivem dealbabor. Auditui meo dabis gaudium et laetitiam: et exsultabunt ossa humiliata. Averte faciem tuam a peccatis meis: et omnes iniquitates meas dele. Cor mundum crea in me, Deus: et spiritum rectum innova in visceribus meis. Ne proiicias me a facie tua: et spiritum sanctum tuum ne auferas a me. Redde mihi laetitiam salutaris tui: et spiritu principali confirma me. Docebo iniquos vias tuas: et impii ad te convertentur. Libera me de sanguinibus, Deus, Deus salutis meae: et exsultabit lingua mea iustitiam tuam. Domine, labia mea aperies: et os meum annuntiabit laudem tuam. Quoniam si voluisses sacrificium, dedissem utique: holocaustis non delectaberis. Sacrificium Deo spiritus contribulatus: cor contritum, et humiliatum, Deus, non despicies. Benigne fac, Domine, in bona voluntate tua Sion: ut aedificentur muri Ierusalem. Tunc acceptabis sacrificium iustitiae, oblationes, et holocausta: tunc imponent super altare tuum vítulos.

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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A (nossa Ocidental) Crise do Início do Século XXI

Dia após dia continuo a pensar que a nossa Crise (que será dura e prolongada) resulta de 6 crises simultâneas:


1-Crise política e governativa das últimas duas décadas, com especial ênfase para a década de 2000 (a incompetência das elites, o populismo eleitoral, a ausência da cidadania participativa e a corrupção pagam-se caro);

2-Crise estrutural (a ineficácia da Justiça e a insustentabilidade do modelo social português/europeu ultrapassado pela realidade demográfica);

3-Crise da dívida (o desregramento de endividamento financeiro e o excesso de alavancagem económica de baixo retorno);

4-A desregulação dos mercados do capital e a alta corrupção financeira;

5-Crise da competitividade do Ocidente (a deslocalização dos meios de produção para fora do país e da Europa);

6-Crise da construção Federativa Europeia (incluindo a implementação da moeda única e o desnorte do projecto europeu solidário e comunitário).

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sábado, 15 de setembro de 2012

The Great Euro Crash - 2012



A dívida de nacional está próxima dos 500 mil milhões de euros, mas não estamos sós. Toda a Europa está altamente endividada e prossegue um modelo económico esgotado assim como um sistema de protecção social desfazado da realidade demográfica.

A ascenção global da Pirâmide de Maslow foi mais rápida do que os fundamentos económicos parciais que a suportam. O reajuste perante a realidade emergente será veementemente negado e rejeitado pelos indivíduos e pelas sociedades, mas esse reajuste é inevitável. Apenas a intensidade e durabilidade dos seus danos dependerá da maturidade dos cidadãos e dos seus representantes no debate das soluções menos gravosas para a resolução dos problemas que estão por solucionar.

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Good blood, bad blood.

Os maiores inimigos da União Europeia dentro da Europa, toda a gente sabe quem são.
A saída daqueles acontecerá quando (ou se...) o Reino Unido não aderir ao Euro até 2020. Até lá, ainda há imponderáveis cruciais a considerar, entre eles: o ritmo da concretização federalista da Europa, a redefinição do modelo económico/social europeu, a independência da Escócia e a dimensão do trambolhão do Dólar e da Libra.
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Um presente incerto e um futuro adiado


Eis a evolução da nossa Taxa de Fertilidade em 40 anos. Se acrescentarmos a desindustrialização e a deslocalização, a baixa da produtividade e do crescimento, o aumento do endividamento e os custos sociais, temos os ingredientes para a implosão de um modelo de sociedade. A Europa ja teve duas guerras civis no último século...o que será ainda mais necessário para uma União Federal?
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terça-feira, 26 de junho de 2012

Europa prepara mega resgate para Espanha e Itália

Europa prepara mega resgate para Espanha e Itália - Economia - DN


 A ofensiva continua e a Espanha já está sob intervenção, a Itália será a próxima grande economia a titubear até ao dia D...que tarda em chegar.


Vivemos tempos miseráveis, com líderes débeis que atraiçoam as gerações futuras e desonram a memória de Konrad Adenauer, Jean Monnet, Paul-Henri Spaak, Winston Churchill e Altiero Spinelli.

Bem dizia o Poeta: "o fraco Rei faz fraca a forte gente".



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Condenado o deputado do PS que se "apropriou" de gravadores a jornalistas




Representante (paradoxal?) do Partido Socialista na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, LIBERDADES e Garantias, o advogado Ricardo Rodrigues foi hoje CONDENADO a uma pena de multa de 4.950 euros (por se ter "apropriado" dos gravadores de dois jornalistas da revista "Sábado").

 A sentença do tribunal deu como provados os factos da acusação que lhe imputavam um CRIME de ATENTADO à LIBERDADE de imprensa e um CRIME de ATENTADO à LIBERDADE de informação.

ATENÇÃO: o deputado não roubou, apenas se "apropriou"através de "acção directa", como se pode ver no vídeo.

PS: a MultiOpticas ainda faz desconto igual à idade? (sem insinuação a quaisquer testas de ferro em legislação branqueadora de crimes de pedofilia).

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sábado, 12 de maio de 2012

Terra Irada (Fernando Maurício)



Sou filho da terra irada
Nasci no berço do espaço
Fui escravo do deus dinheiro;
Fui tudo, não sendo nada
Em mistura de sargaços
Com oiro de pioneiro

Eu fui um bobo do rei
Comi debaixo da mesa / Migalhas de pão pisado
Sem direitos, reclamei / Direitos prá natureza
De quem nasceu malfadado

Fiz tudo para esquecer
Alimentei-me de dôr / No vinho de desespero
E a revolta fez nascer
No meu peito sofredor / Um hino de posso e quero

Não é balada o meu fado
Nem tenho medo de erguer / Sua bandeira encarnada
Fui menino, sou soldado
E ninguém pode vencer / Um filho da terra irada

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Perder mais tempo ou ganhar o futuro?


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Ontem perdi quase duas horas da minha vida para assistir a um debate na RTP: no “Prós e Contras” o Ministro Miguel Relvas, valentemente frente a uma plateia hostil constituída maioritariamente por Presidentes de Câmaras e de Juntas de Freguesia, explicou as linhas da reforma eleitoral autárquica. Por um lado, uma visão reformista dialogante mas firme na persecução dos objectivos propostos; por outro lado, a resistência de capelas e capelinhas cujos argumentos apresentaram o municipalismo português como expoente máximo da excelência num monólogo absurdo de uma classe que recusa perder os privilégios despesistas, salvo honrosas excepções.

É certo que existem graves assimetrias na organização urbanística do território português. Também é correcta a visão que defende o investimento local, vocacionado já não para o crescimento de infra-estruturas (que além dos custos de construção acarretam despesas de manutenção por longos anos) mas sim para a criação de oportunidades de integração produtiva das novas gerações e para o desenvolvimento de sinergias entre regiões.
Todavia, a estratégia de crescimento aplicada nas últimas duas décadas, seja pelos governos seja pelos municípios, está ultrapassada e tem que ser alterada.

Não quero falar das rotundas nem dos estádios de futebol. Também não quero falar dos altos níveis de empregabilidade autárquica nem dos custos tremendos inerentes à chico-espertice da desorçamentação através das empresas municipais. Nem é relevante discorrer acerca de outros pormenores de distribuição do dinheiro público através dos subsídios atribuídos a uma multiplicidade de associações locais ou das viagens de lazer em veículos camarários proporcionadas a grupos de munícipes (basta ver o Preço Certo para perceber do que estou a falar) ou, já agora, das festas e romarias patrocinadas pelo erário público. Isso aconteceu porque o exemplo vem de cima, e o que veio de cima ao longo de décadas não foi um bom exemplo.

Por conseguinte, o que é urgente agora é reformar hábitos, estratégias, práticas. É difícil executar cortes na despesa e proceder a reformas quando a estrutura administrativa não quer colaborar. Por isso, é de louvar a atitude dialogante de governo, desde que esse diálogo seja efectuado através de uma escuta activa e não resulte em intermináveis discussões, plenas de inflexibilidade e rigidez. O país está numa encruzilhada muito perigosa e o tempo escasseia para Portugal sair desta crise.

O tempo aqui faz a diferença. Isso é compreensível através da história recente: a Grécia conseguiu em 2010 diminuir o seu défice público em cinco pontos, mas esse esforço rápido provocou uma espiral recessiva que a está a levar ao colapso. Esse caminho está provado que não é o correcto.

Ora o acordo que sustenta o empréstimo internacional que nos foi concedido prevê um calendário extremamente apertado e isso constitui um problema, como é fácil de ver através do caso grego. Por isso mesmo é crucial criar condições que propiciem reformas e resultados imediatos de sucesso para que Portugal reconquiste a força negocial e a razão objectiva dos factos de modo a criar a possibilidade de reajustar o espaço temporal concedido para a recuperação económica.

Temos que ganhar tempo para corrigir os desvios que vão ainda ser descobertos. Temos que ganhar tempo para recapitalização dos bancos para não asfixiarmos ainda mais o tecido empresarial produtivo. Temos que ganhar tempo para aplicar medidas sociais que limitem o efeito devastador do desemprego nas famílias. E a médio prazo, temos que inverter a estratégia demográfica porque reside o nosso declínio como nação sustentável.

A nossa recuperação, na minha opinião, só pode ser efectuada no curto-prazo através de 3 caminhos simultâneos: a reforma das instituições, o controlo da despesa pública e o reforço do investimento privado. Os especialistas sabem como fazê-lo: o que é crucial é enfrentar os grupos de interesse instalados e explicar à população qual a situação e a estratégia para superarmos as dificuldades.

No imediato, face às últimas notícias, não é preocupante faltarem poucos meses para reduzir o défice de 8.3%, no 1º semestre, para 5.9% no final do ano de 2011? Não é preocupante o País ter já gasto em 6 meses 70% do que estava autorizado a gastar até ao final do ano? Se fizermos as contas temos que reduzir a despesa em 678 milhões de euros por mês até ao final de Dezembro; então como vamos alcançar estes resultados sem efectuar mais medidas extraordinárias?

Já desperdiçámos muito tempo com o ilusionismo político das últimas décadas. O actual Governo, em apenas 100 dias, iniciou um caminho que devia ter sido percorrido há muito tempo. Agora, encontramo-nos numa situação em que temos de fazer à pressa aquilo que foi antes adiado. Por isso, é urgente agir com racionalidade. Há muitas reformas estruturais a fazer e que não podem ser mais adiadas.

Temos que agir já se queremos ganhar tempo junto de quem nos empresta o dinheiro que agora precisamos e que antes desperdiçámos. Agir agora, com coerência e estratégia, significa não desperdiçarmos mais uma oportunidade.

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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Porque no te callas?

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O Ministro do Fomento espanhol teve o descaramento de considerar que a suspensão do TGV em Portugal é uma «má decisão». Todavia, a própria Espanha acabou de suspender o AVE (o TGV espanhol) que funcionava entre Toledo, Albacete y Cuenca «por la escasez de la demanda». A média de passageiros era de 9 (!!!) por viagem quando os estudos fantasiosos “encomendados” previam 2.190 passageiros.

O Ministro socialista espanhol que cuide dos falhanços espanhóis e cale-se sobre as decisões que Portugal tomará para corrigir as asneiras dos anteriores governos socialistas lusos.


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quinta-feira, 24 de março de 2011

Alea jacta est


Os portugueses deixaram-se enganar durante muitos anos. Por isso, e por causa disso, tivemos este último Governo minoritário que, está demonstrado, foi uma total perda de tempo e tornou aquilo que era provável em inevitável.

Os nossos credores não têm quaisquer motivos para serem pacientes ou tolerantes connosco. Nos negócios não há amigos, existem oportunidades! Provavelmente os juros que pagamos - enquanto os tais credores nos emprestarem o dinheiro que necessitamos - vão disparar e os nossos "ratings" vão cair para níveis próximos de "lixo", aliás um caminho já percorrido pela Grécia e pela Irlanda, mesmo salvaguardadas algumas diferenças com estes Países.

O próximo Governo tem que ser um Governo de maioria, preferencialmente alargada; será um executivo tão ou mais austero que quaisquer outros governos austeros anteriores porque, pura e simplesmente, não pode ser de outra forma.

A situação estrutural e a verdadeira financeira do País (ainda por revelar), exigem um desígnio nacional de união - política, económica e social - face ao tremendo "esforço de guerra" necessário para superarmos as gravíssimas dificuldades em que nos encontramos.

Esperam-nos muitos anos de dura sobrevivência e difícil reconstrução. Oxalá estejamos todos à altura das responsabilidades.

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Reformas na Suíça com tecto máximo de 1700 euros



Na Suíça, ao contrário de Portugal, não há reformas de luxo. Para evitar a ruína da Segurança Social, o governo helvético fixou que o máximo que um suíço pode receber de reforma são 1700 euros. E assim, sobra dinheiro para distribuir pelas pensões mais baixas.

E por cá, para quando a revisão racional do modelo de sustentabilidade da Segurança Social?

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sábado, 4 de dezembro de 2010

Francisco Sá Carneiro



In memoriam de Francisco Sá Carneiro. A sua ética, honradez, coragem, lucidez política e visão de futuro, 30 anos após a tragédia, fazem muita falta a Portugal.

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Medidas imediatas face à crise financeira Portuguesa


Como contributo para o debate, estas são as medidas de excepção que proponho face à crise financeira actual:

1 - Suspensão imediata do Projecto TGV até ao cumprimento dos objectivos previstos no PEC;

2 - Suspensão imediata do novo Aeroporto Internacional de Lisboa até ao cumprimento dos objectivos previstos no PEC;

3 - Aumento do IVA em 1% até ao cumprimento dos objectivos previstos no PEC;

4 - Redefinição do cabaz de produtos essenciais;

5 - Limitação máxima das pensões sociais remuneradas pelo Estado à pensão devida à figura do ex-Presidente da República, com reescalonamento proporcional imediato de todas as pensões actualmente em vigor;

6 – Proibição imediata da acumulação de pensões suportadas pelo Estado com outras pensões provenientes de Instituições públicas ou com participação do Estado, com opção de escolha pela pensão mais vantajosa;

7 - Proibição imediata de remunerações Públicas ou semi-públicas superiores à remuneração do Presidente da República, sem excepções;

8 - Congelamento da aquisição ou da substituição de viaturas alocadas ao Serviço do Estado que estejam aptas e aprovadas pela Inspecção Periódica Obrigatória;

9 - Congelamento imediato de prémios de gestão em empresas públicas ou semi-públicas com prejuízo ou passivo financeiro;

10 - Renegociação das parcerias público-privadas já existentes, com imediata suspensão de todos os contratos não ainda formalizados;

11- Reorganização ou extinção de Serviços e de Institutos públicos com funções semelhantes ou sobrepostas;

12 - Redução de 5% de todas as remunerações públicas com valor bruto situado entre 1500 euros e 1600 euros;

13 - Redução de 6% de todas as remunerações públicas com valor bruto situado entre 1601 euros e 1700 euros;

14 - Redução de 7% de todas as remunerações públicas com valor bruto situado entre 1701 euros e 1800 euros;

15 - Redução de 8% de todas as remunerações públicas com valor bruto situado entre 1801 euros e 1900 euros;

16 - Redução de 9% de todas as remunerações públicas com valor bruto situado entre 1901 euros e 2000 euros;

17 - Redução de 10% de todas as remunerações públicas com valor bruto superior a 2001 euros;
18 - Suspensão do SIADAP durante os anos em que estejam boqueadas as progressões de carreira e as actualizações remuneratórias;

19 - Aplicação imediata das regras aplicadas aos Serviços Centrais da Administração Pública a todos os demais Corpos da Administração Local e Regional, inclusive Autarquias e empresas municipais;

20 – Suspensão imediata da consultadoria e dos estudos exteriores para Serviços do Estado;

21 - Reorganização territorial das 308 Câmaras Municipais e das 4040 Juntas de Freguesias actualmente existentes;

22 -Eliminação dos Governos Civis;

23 - Suspensão imediata dos subsídios públicos a Fundações Privadas;

24 - Revisão das regras para atribuição do RSI, com a implementação de um sistema não remuneratório directo através de um cartão de débito social para aquisição de bens e pagamento por débito de despesas essenciais previamente definidas em função das necessidades do agregado familiar em parceria com entidades parceiras da Segurança Social.
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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

'Melhor' aluno chegou à faculdade sem acabar o liceu



Programa Novas Oportunidades pode ser usado como 'via verde' para facilitar entrada no ensino superior.





Tomás, 23 anos, chegou à universidade através do programa Novas Oportunidades


«As dificuldades apareceram no ensino secundário, quando a Matemática se tornou uma verdadeira dor de cabeça para Tomás Bacelos. Por mais que insistisse, não conseguia passar à disciplina e os chumbos sucessivos acabaram por fazê-lo desistir da escola sem acabar o liceu.

No ano passado, Tomás Bacelos arranjou a solução ideal para contornar o problema. Inscreveu-se num Centro de Novas Oportunidades em Esposende, frequentou dois módulos (Saberes Fundamentais e Gestão) e em meses conseguiu equivalência ao 12.º ano. Acabou agora por entrar na faculdade, no curso de Tradução, na Universidade de Aveiro, e é oficialmente, segundo as listas do Ministério do Ensino Superior, o aluno com a mais alta nota de candidatura do país: 20 valores.

A questão é que a sua média não tem em conta as notas do secundário - que não terminou - e baseia-se apenas no exame nacional de Inglês, o único que teve de fazer para entrar em Tradução e onde conseguiu nota máxima. Ainda tentou concorrer a um curso de Biologia, fez a prova de ingresso, mas não foi além dos 7,4 valores.

Ao contrário de Tomás Bacelos, todos os jovens do ensino regular tiveram de realizar provas nacionais a várias disciplinas e apresentaram-se a concurso com estas classificações e com as notas do secundário.

O percurso de Tomás e dos restantes alunos não podia, por isso, ser mais diferente. Ainda assim, ele disputou as mesmas vagas e concorreu em igualdade de circunstâncias com os outros. A lei permite-o, mas o jovem, 23 anos, sente que beneficiou de uma injustiça.

"Para mim, foi ótimo. Mas é claro que é bastante injusto porque os outros passam anos a esforçar-se para terem boas médias. Com o Novas Oportunidades, uma pessoa que só tem o 7.º ano pode fazer o 9.º em seis meses e a seguir, em ano e meio, consegue tirar o 12.º. Se tiver sorte, pode passar à frente e tirar o lugar às pessoas que fizeram esse esforço. Conheço quem tenha entrado assim no ensino superior", admite.


Discriminação positiva

Contactado pelo Expresso, o Ministério do Ensino Superior não revelou, até à hora de fecho da edição impressa, quantos estudantes entraram na universidade por esta via, retirando lugares a candidatos do ensino regular. No curso de Tradução da Universidade de Aveiro, onde Tomás Bacelos entrou em primeiro lugar, por exemplo, quatro jovens que também colocaram a licenciatura como primeira opção acabaram por ficar de fora. O último a conseguir entrar teve 14,4 valores de média.

Certo é que a história de Tomás Bacelos está longe de ser a única. "O caso dele só é visível porque tirou uma grande nota no exame. Mas houve outros alunos que entraram da mesma maneira, só que não saltam à vista nas estatísticas", garante António Boaventura, do Centro Novas Oportunidades da Secundária Henrique Medina (Esposende), que Tomás frequentou. "Há uma discriminação positiva destes alunos", reconhece.

O presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior, Virgílio Meira Soares, admite que possa haver uma "injustiça", mas rejeita responsabilidades e lembra que os candidatos vindos do Novas Oportunidades também podem acabar por sair prejudicados com esta legislação. Isto porque só concorrem ao superior com uma única nota de exame, sem outras classificações a pesar na média, o que pode prejudicá-los caso a prova não corra bem.

Luís Capucha, presidente da Agência Nacional para a Qualificação e um dos responsáveis pelo programa Novas Oportunidades, recusa comentar as regras de entrada no ensino superior, por não serem da sua competência. Ainda assim, afirma que "não faz sentido aferir a dificuldade de ingresso pelo número de exames exigidos" aos estudantes.


O que diz a lei

Os alunos que concluíram o secundário através de vias de formação que não preveem a atribuição de notas (como os cursos de Educação e Formação de Adultos do programa Novas Oportunidades) e que pretendem aceder à universidade concorrem apenas com as classificações que obtêm nos exames nacionais exigidos como prova(s) de ingresso no curso que querem. Dispensam todos os restantes exames nacionais. A nota que obtiverem na(s) prova(s) de ingresso vale como nota de conclusão do secundário.

Por exemplo, como Tomás Bacelos teve 20 no exame de Inglês, foi-lhe atribuída "administrativamente" essa classificação como média do secundário. Outro regime excecional de ingresso é o que abrange quem tem mais de 23 anos: os candidatos não precisam de ter concluído o secundário e dispensam a realização de qualquer exame nacional. A diferença é que, neste caso, o concurso tem vagas próprias (fora do concurso nacional) e cada instituição fixa os critérios de entrada. ».

Texto publicado na edição do Expresso de 18 de setembro de 2010
Isabel Leiria e Joana Pereira Bastos

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Estamos a criar alunos que não sabem ler ...



Acerca do Programa de equivalências para adultos Novas Oportunidades, Maria do Carmo Vieira dixit:

"Trata-se de uma fraude e de uma falta de respeito para com as pessoas que acreditaram no programa. Conheço inúmeros alunos que pensavam que voltavam à escola para aprender e aperceberam-se de que não iam aprender nada.
Não se faz o 7.º, 8.º e 9.º em três meses, não se faz o 10.º, 11.º e 12.º ano em seis meses. Isto não tem qualquer equivalência, porque se esses alunos fossem questionados, não sobre as matérias até do 10.º,11.º e 12.º, mas sobre qualquer coisa minimamente inteligente, estavam a zero. Eles são a personificação da ignorância, mas uma ignorância que é fomentada pelo próprio sistema e, por isso mesmo, eu digo:
é preciso desobedecer a isto.
" .

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Compreendo a indignação da Senhora Professora Maria do Carmo Vieira - que lançou esta semana o ensaio 'O Ensino do Português', patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Além da Crise da Justiça também a Crise na Instrução/Formação qualificada é outro dos factores cruciais que explicam o actual nível de
Desenvolvimento Português... alias, um dos 3 "D`s" que está por cumprir após o 25 de Abril.
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segunda-feira, 14 de junho de 2010

O que devem aprender as elites que nos governam e aquelas que nos hão-de governar!

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Um derradeiro programa muito elucidativo sobre a realidade económico-financeira portuguesa que nos tem sido (e é) obstinadamente ocultada: uma década perdida e a década que se segue em altíssimo risco de ser uma repetição da antecedente.

Uma aula indispensável tanto para a elite que nos governa como o é para aquela que nos irá no curto prazo governar e, também, para as outras que futuramente hão-de vir - pelo menos até 2050.

Enquanto isto, o povo distrai-se e é distraído com a espuma dos dias: há subsídios, telenovelas e futebol – pão e circo, a sempre útil receita romana que prolonga o status quo e fomenta a continuidade da inexorável decadência.

Ou isto leva uma reviravolta a sério ou iremos ter adiante - Portugal e nós todos, os portugueses - gravíssimos problemas de sobrevivência.

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Vá para fora cá dentro!


O apelo do Presidente da República "para que os portugueses façam férias dentro do país" obteve do actual Ministro da Economia uma resposta que parece revelar a que nível chegou a falta de sentido de Estado e a enorme demagogia de que padecem muitos dos homens que nos têm governado na última década.

Aquele compreensível apelo do Chefe de Estado aos portugueses foi feito num determinado contexto (no decorrer de uma visita à capital do turismo algarvio) e revestiu-se de um carácter excepcional, dadas as tremendas dificuldades económicas e financeiras de Portugal.

Todavia, o lamentável comentário do referido Ministro – de viagem oficial às custas de erário público a Xangai – foi o seguinte: "Só espero que outros chefes de Estado de outros países não façam o mesmo apelo senão perderemos uma fonte importante de divisas em Portugal". Ora, um tal comentário público por parte de um governante não só não se justifica por ser generalista e sem rigor como está descontextualizado e é incongruente.

Porquê? Porque esse argumento carece de coerência já que só se aplicaria, teoricamente, a mais três ou quatro países em situação semelhante ou pior que a nossa, o que é um número irrisório e sem grande expressão na parcela dos 27.2% de receitas provenientes dos turistas que nos visitam. Mais: trata-se de uma argumentação demagógica e contrária ao interesse do Estado porque comparar o impacto dos 27.2% de receitas de origem externa que supostamente deixariam repentinamente de entrar com os 17.5% de gastos de origem interna nas viagens turísticas que os portugueses fazem no estrangeiro, não só não faz qualquer sentido como só se entenderia para efeitos de um estudo teórico – ou então são dados correlacionados ou por ignorância ou por má fé.

Aquele apelo do Presidente da República, como é lógico e de bom senso supor num momento de tão grave situação financeira, referia-se não só às evidentes perdas de receita para economia nacional que ocorrem sempre que um português escolhe fazer férias fora do país ao invés de as gozar em Portugal, como também quis o Presidente alertar para uma outra evidência: as situações de endividamento externo por via daqueles que gozam férias a crédito, seja no estrangeiro seja em Portugal.

Naturalmente que quem tem recurso próprios, sem se endividar, e pretende fazer férias em Mykonos ou nas Seicheles tem toda a legitimidade para isso, não obstante essa decisão significar uma diminuição das receitas internas e indirectamente uma exportação de divisas num momento de extrema gravidade para todo um povo.

Contudo, o que aqui esteve em causa não foi o nosso direito a gastarmos o nosso dinheiro como bem nos aprouver, mas sim o congruente exemplo dado por um Presidente em viagem por Portugal que apelou ao bom senso e à solidariedade nacional versus o infeliz exemplo dado por um Ministro em viagem ao Oriente (com respectiva comitiva, com tudo pago por todos nós) que quis explicar o indefensável.

Resta recomendar o slogan: vá para fora cá dentro!
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quarta-feira, 2 de junho de 2010

A Crise Portuguesa actual: aquilo que é preciso sabermos mas não nos dizem!



Uma hora a ouvir falar a verdade sobre a realidade portuguesa. Dói, é certo, mas vale a pena saber o que nos espera; só assim poderemos decidir agir em consciência.


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quarta-feira, 19 de maio de 2010

A retroactividade é expressamente proibida pela Constituição? Não importa: é fartar, vilanagem!


Entre uma confusão de declarações contraditórias por parte de membros do governo, hoje os jornais noticiaram que agravamento da taxa de IRS (previsto no pacote de medidas de austeridade mas que ainda não está em vigor) seria aplicado a todo o rendimento anual dos portugueses. Entretanto o Primeiro-Ministro já veio desmentir (!) e garantiu que o agravamento do IRS só aconteceria a partir de 1 de Junho.

Ao contrário de outras medidas do pacote do governo, como o aumento do IVA (que só se aplicam na segunda metade deste ano), se ocorresse o agravamento retroactivo do IRS para 2010 este teria efeito sobre o rendimento recebido ao longo de todo o ano mesmo que esse impacto só fosse totalmente sentido pelos contribuintes em 2011.

Todavia, ainda resta saber como o governo vai definir este agravamento na colecta de IRS para 2010 que entrará em vigor a 1 de Junho, pois por Lei não poderá dividir o ano fiscal em duas partes, pelo que o mais provável será aumentar o imposto referente a 2010 em aproximadamente 0,5% e 0,75%, respectivamente para os escalões já anunciados (rendimentos abaixo de 18000 euros por ano e rendimentos acima de 18000 euros ano. Assim sendo, só na colecta do ano de 2011 (que ocorrerá em 2012) é que terá efeito o agravamento completo do IRS em 1% e em 1,5% para os respectivos escalões.

Se aquela medida de retroactividade fosse aplicada para o ano de 2010, uma vez mais, estaríamos sujeitos a uma inconstitucionalidade na orientação seguida pelo Governo, tal como sucedeu em outros anúncios recentes de subidas de impostos – como é o caso da taxa sobre as mais-valias bolsistas ou mesmo o novo escalão de 45% para os rendimentos iguais ou superiores a 150 mil euros. Nestas duas situações, mesmo podendo ser taxas moralmente justas (apesar da duvidosa rentabilidade), a Lei Tributária e a Constituição têm que ser respeitadas e não parece, até ver, ser esta a intenção do Governo.

Ora, aquelas situações ainda não foram devidamente esclarecidas e se, no caso das mais-valias bolsistas, os contribuintes forem taxados como foi anunciado pelo Titular da pasta das Finanças, i.é, a tributação ser efectuada desde do início de 2010 (mesmo com a artimanha de taxar o diferencial entre as mais e menos-valias ocorridas ao longo do ano) tal colecta será inconstitucional para todas as situações de tomada de mais-valias que ocorreram antes da Lei entrar em vigor.

Neste afã de encontrar dinheiro através da colecta e não no corte da despesa, o Governo invoca a retrospectividade, conceito já usado pelo actual ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, a propósito da aplicação da taxa de 20% sobre o saldo de mais-valias bolsista em todas as operações realizadas este ano. A legalidade constitucional desta nova taxa já foi posta em causa por um manifesto que reuniu mais de 60 fiscalistas.

Não pode ser, não pode valer tudo para atingir um determinado fim; o Governo do Estado Português deve agir como uma pessoa de bem e não como um charlatão sem palavra ou respeito pelas normas.

A retroactividade da lei fiscal é expressamente proibida pela Constituição. Isto quer dizer que qualquer nova lei não poderá ser aplicada a um facto ocorrido antes da sua vigência.

Por conseguinte, ou o Governo age dentro da legalidade ou – para cúmulo da iniquidade e prepotência – inicia desde já um processo legislativo que suspenda aquela norma Constitucional que proíbe a retroactividade da lei fiscal, seguindo os procedimentos democráticos da República.

É fartar, vilanagem!!!

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sábado, 10 de abril de 2010

Pare, Escute, Olhe!

Trailer Cinema "Pare, Escute, Olhe" from Pare, Escute, Olhe on Vimeo.



"Pare, Escute, Olhe" retrata uma região transmontana despovoada, vítima de promessas políticas não cumpridas.

Na linha ferroviária do Tua, o comboio viaja para uma morte iminente. Em nome da progresso, a construção da barragem de Foz-Tua, ameaça submergir um património único que faz parte da identidade transmontana.

"Pare, Escute, Olhe", realizado por Jorge Pelicano, venceu seis prémios nacionais, incluindo Melhor Documentário Português no DocLisboa 2009 e o Grande Prémio do Ambiente no CineEco 2009 em Seia.

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Algarve Restaurant Week



No dia 22 de Abril começa a primeira edição da Algarve Restaurant Week.

A essência da Restaurant Week é possibilitar o acesso democrático à restauração, oferecendo a todos o acesso à gastronomia de alta qualidade sob um preço convidativo, tornando acessíveis restaurantes muitas vezes inacessíveis.

Os restaurantes que se vão juntar à iniciativa criam um menu específico (entrada, prato principal e sobremesa), o menu Restaurant Week, uma criação personalizada de cada restaurante para o evento, com novidades ou pratos clássicos das casas, incluindo uma entrada, um prato principal e uma sobremesa.

O Menu Restaurant Week terá um preço fixo de 20 €, com 1 € a reverter a favor de projectos sociais.

Para experimentar (porque estamos em crise e sou remunerado miseravelmente) só seleccionei 4 das quase duas dezenas de restaurantes de alto nível que participam no evento.

Hoje consegui confirmar as reservas para os restaurantes escolhidos : Bistro des Z'Artes, Emo , The Lake Resort e Thai.

Mnham!!!

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terça-feira, 6 de abril de 2010

Ludopatia ou Jogo Patológico




O jogo patológico, ou ludopatia, é um assunto pouco falado em Portugal. No entanto, a pujança do sector dos jogos legais (e dos ilegais) indicia um número elevado de sujeitos dependentes do jogo ou, quanto mais não seja, de indivíduos com diversos graus de crenças sustentadas pelos pensamentos mágicos implícitos ao acto de apostar em jogos de sorte e de azar.

Mais do que um simples acto de adicção ao jogo por uma parte substancial da população, o próprio Estado autoriza e regula a actividade das apostas porque daquelas resultam lucros fabulosos em impostos. Também os operadores autorizados incentivam abertamente as apostas em jogos de sorte e de azar através de propaganda diária nos media, a qual incluí o reforço ao devaneio sobre a riqueza súbita e limitação da censura social através da publicidade do patrocínio indirectamente oferecido no atendimento a pessoas carenciadas ou com a enfermidade, o que pode ajudar a relativizar o acto de jogar e auxiliar a racionalização da compulsão inerente às diversas tipologias de jogador existentes.

Todavia, nada se perde se efectuarmos uma definição mais clara do problema, porque existem graus elevados de dependência do jogo que vão muito além da raspadinha ou da aposta no Euromilhões.

Por mais que algumas pessoas pensem que um qualquer jogador - seja ele ocasional, regular ou excessivo - joga sem sentido de responsabilidade para consigo ou para com os que dele dependem, de facto, só o jogador patológico padece de um distúrbio de personalidade do tipo Perturbação do Controlo do Impulso tal como sucede na Cleptomania, na Piromania e na Tricotilomania, entre outras perturbações do Controlo do Impulso.

O que leva um jogador a permanecer horas a fio diante de uma mesa num casino ou no bingo, o que o leva a permanecer obcecado com a ideia de vencer uma slotmachine ou a estudar exaustivamente o comportamento de cavalos nos diferentes tipos de terreno para fazer a melhor aposta possível?
A explicação àquelas questões encontra-se no mecanismo compulsivo originado pelo distúrbio de personalidade do jogador patológico. Na base de tal distúrbio estão factores não despiciendos: Perturbação da Ansiedade, ilusão do controlo e imaturidade psíquica, distorções cognitivas, a preponderância de uma falha narcísica e, frequentemente, a existência de uma concomitante Perturbação do Humor, mecanismos de reforço neuroquímico do prazer, entre outros condicionantes.

Poderemos comparar o jogador compulsivo ao dependente do trabalho ou aos dependentes das compras, aos dependentes do sexo, aos dependentes da internet ou a outros tipos de comportamento cada vez mais comuns mas que têm por denominador comum a excessividade dos actos sem aparente capacidade de controlo e com consequências danosas para o indivíduo ou para os outros significativos?

Em certos casos, o jogador compulsivo tem reacções parecidas aos alcoólicos e com os farmacodependentes e não são raros os estudos que defendem a tese de que a ludopatia provoca sensações idênticas àquelas experimentadas por consumidores e dependentes de outras drogas, incluindo o álcool, resultando em consequência do gesto compulsivo o afastamento de outros comportamentos funcionais em variadas áreas da vida, assim como o desenvolvimento da tolerância e do síndrome de abstinência. Neste sentido, estudos neurológicos recentes revelaram que o comportamento de jogar repetidamente cria nos jogadores uma tensão sináptica que activa circuitos cerebrais que provocam o prazer semelhante àquele que resulta do consumo de drogas.

O tratamento, longo e complexo, requer algumas premissas básicas, desde logo o sujeito reconhecer que precisa de ajuda porque perde de facto o controle sobre o seu comportamento quando joga. Após uma avaliação psíquica do paciente e da estratégia psicoterapeutica adequada ao quadro clínico, pode também ser necessário o uso de medicação ansiolítica e antidepressiva concomitante à intervenção psicológica delineada, que pode incluir o recurso à terapia de grupo.

As 3 Fases do jogo patológico

Actualmente definiram-se três fases no jogo patológico:

1 - Fase da vitória: a sorte inicial é rapidamente substituída pela habilidade no jogo. As vitórias tornam-se cada vez mais excitantes e o indivíduo passa a jogar com maior frequência, acreditando que é um apostador excepcional. Um indivíduo que joga apenas socialmente geralmente pára de jogar com a vitória;

2 - Fase da perda: a atitude de optimismo não realista passa a ser característica do jogador patológico. O jogo não sai da sua cabeça e ele passa a ir jogar sozinho. Depois de ganhar uma grande quantia de dinheiro, o valor das apostas aumenta progressiva e consideravelmente, na esperança da obtenção ganhos ainda maiores. A perda passa a ser dificilmente tolerada. O dinheiro que ganhou no jogo é utilizado para jogar mais; em seguida, o indivíduo aposta parte do salário ou a sua totalidade, e depois as outras economias e até dinheiro emprestado;

3 - Fase do desespero: caracterizada pelo aumento de tempo e dinheiro gastos com o jogo e pelo afastamento da família. Um estado de pânico surge quando o jogador se apercebe do tamanho da sua dívida e do desejo em pagá-la prontamente; dá-se o progressivo isolamento de familiares e de amigos, sente cada vez mais a reputação negativa que passou a ter na sua comunidade e, finalmente, instala-se um desejo nostálgico de recuperar os primeiros dias de vitória. A percepção daqueles factores pressionam o jogador e o seu comportamento compulsivo para jogar aumenta ainda mais, na esperança de ganhar uma quantia que possa resolver todos os problemas acumulados. Alguns jogadores podem mesmo utilizar recursos ilegais para obter dinheiro de que precisam. Nessa fase, é comum a exaustão física e psicológica, sendo frequente a depressão e a ideação suicida.

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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Submarinos: ter ou não ter não é a questão...



A questão naval

A existência e a continuação de Portugal, como nação independente, deve-se bastante ao mar, e às politicas ultramarinas dos governantes portugueses, desde D. João I.

O país sempre teve uma dimensão muito maior que aquela que lhe corresponderia pelo seu tamanho, em termos geográficos, ou pela sua dimensão demográfica.

É o mar que permite a tomada de posições importante no oceano indico, o domínio marítimo daquele oceano e do atlântico sul. Depois de 1640, com o fim da dinastia dos Habsburgos (Filipina) foi o mar, e as alianças então estabelecidas com a Grã-Bretanha, que permitiram a Portugal voltar a reconstruir um império no Brasil, e é o mar que, depois do Brasil, torna possível a comunicação entre as colónias de África, Timor, Macau e a Índia.

Em 1961, a União Indiana, invade o então Estado da Índia Portuguesa, utilizando para o efeito uma parte considerável das suas melhore forças. A Marinha Indiana, equipada com porta-aviões, fragatas modernas e cruzadores, não encontra praticamente oposição, que não a da canhoneira “Afonso de Albuquerque” que é destruída no próprio porto, não sem antes ter resistido e respondido ao fogo inimigo, ainda que, estando em tremenda inferioridade numérica e de capacidade de fogo.

Salazar, pouco ou nada fez. Uma das razões apontadas tem a ver com a sua interpretação do pacifismo de Nehru, o líder indiano. No entanto, teria sido possível evitar o sucedido? A resposta é negativa. A diferença entre as capacidades da Índia e as de Portugal eram de tal forma, que nunca teria sido possível resistir. No entanto, se tivesse existido uma determinação em proceder á defesa, o resultado teria sido muito diferente.

Se, naquele tempo, tivesse sido possível a Portugal colocar um ou dois submarinos nas águas do oceano indico, (independentemente dos problemas logísticos que tal poderia implicar), todo o desenvolvimento da operação teria sido diferente.

A simples existência de um ou dois submarinos no mar, altera o comportamento de qualquer marinha, quando esta faz o planeamento de uma acção.
Desde 1961, não houve nenhuma ocorrência de relevância, onde possa ser demonstrada a utilidade táctica da utilização de submarinos por parte de Portugal, mas isso não implica que por essa razão, os submarinos tenham deixado de ter um enorme efeito dissuasor.

O domínio do Oceano Atlântico e o problema espanhol

A visão norte-americana do mundo, normalmente distorcida por um sistema educativo tão eficiente quanto redutor, implica que, apenas as grandes nações, ou os grandes países têm direito a algum tipo de projecção e importância internacional.

Já durante o período de 1961-1974, os norte-americanos criticavam asperamente a politica portuguesa relativamente a África, mas o seu principal problema, não era que Portugal tivesse colónias, o principal problema dos norte-americanos, era que Portugal, sendo um país tão pequeno, tivesse tanto território.

Considerando esta visão norte-americana, a questão do domínio do atlântico, (que é vital para os Estados Unidos) aparece como um tema de grande importância.
Essa importância está expressa no apoio dado pelos norte-americanos a Espanha, desde que o ditador Francisco Franco, logrou romper o isolamento internacional a que estava votado desde o fim da segunda guerra mundial.

Esse apoio, a Espanha, é também o apoio a uma Espanha que tenha capacidade para controlar a zona marítima que inclui os mares dos Açores, Madeira, Canárias, a costa portuguesa, a costa Africana até Cabo-Verde e naturalmente a costa de Marrocos, além, naturalmente, da costa atlântica espanhola.

Recordemos que apoio dos norte-americanos a Espanha é notório a partir dos anos 60 e estes são alguns exemplos:

1- Fornecimento do porta-aviões “Dédalo”, (arrendado em 1967 e comprado em 1973).
2 - Fornecimento à marinha espanhola dos planos para a construção em Espanha das cinco fragatas da classe “Baleares” (1967 – 1975).
3 – Fornecimento dos cinco contra-torpedeiros da classe “Churruca” (1972 – 1978).
4 - Fabrico em Espanha das seis fragatas da classe americana “Oliver Hazard Perry” (1977 – 1984).
5 – Fornecimento completo dos planos do projecto SCS de navio de controlo marítimo, que resultou no porta-aviões “Príncipe de Astúrias” (1988).
6 – Enormes facilidades concedidas a Espanha, para a construção da versão espanhola do projecto NFR-90 adaptado para as fragatas/contra-torpedeiros da classe “Álvaro de Bazán”, completados com radares e sistemas electrónicos de fabrico e concepção 100% americanos.

É portanto importante realçar que enquanto o exército e a força aérea espanholas evoluíam com a aquisição de equipamentos europeus (tanques franceses AMX, alemães Leopard-II, aviões franceses Mirage e europeus Eurofighter), a marinha espanhola foi “carregada ao colo” pelos norte-americanos durante as ultimas quatro décadas.

A conclusão que se pode retirar é apenas uma: para os norte-americanos o tamanho do país, conta mais que o que quer que seja que defendam os seus dirigentes. Logo, podemos deduzir que em qualquer circunstância futura, em que os interesses de Portugal estejam em oposição aos interesses de Espanha, os norte-americanos acabarão sempre por favorecer a entidade que mais vantagem lhes dará, ou seja Espanha e o domínio espanhol sobre a península e a área marítima que lhe está adjacente.

Portanto, toda e qualquer capacidade que Portugal tenha para defender as suas águas territoriais e a zona económica exclusiva entrará em conflito com a visão compartilhada entre norte-americanos e espanhóis de que é a Espanha que deve ser responsável pela vigilância e controlo das águas portuguesas.

Por conseguinte, a aquisição por parte de Portugal de dois submarinos do tipo U-214, cuja versão para Portugal se chamará U209PN, pode parecer de pouca importância mas de facto não o é.
Os submarinos adquiridos, em primeiro lugar, colocam Portugal à frente de Espanha na corrida para a modernização das suas frotas de submarinos. A Espanha que conta com quatro submarinos da classe Agosta, só estará equipada com submarinos com as capacidades dos submarinos portugueses, alguns anos depois de Portugal ter os seus U-214 operacionais.

Os submarinos U-214, pelas suas características - nomeadamente por serem equipamentos extremamente silenciosos - podem “pairar” debaixo de água, durante semanas, sem serem detectados. Podem, com os seus mísseis, atingir alvos a mais de 100Km de distância, disparando mísseis sem ter sequer a necessidade de virem à superfície.

As armas da Marinha de Guerra Portuguesa, nomeadamente os submarinos U-214, perante o conceito Espanhol segundo o qual as águas portuguesas são de facto suas para controlar, são uma ameaça àquele desejo de domínio.

Ao apresentarmos aos nossos aliados da NATO a compra dos submarinos como um facto consumado (que não deixou, curiosamente de ser criticado em alguns círculos da NATO, alegadamente – e segundo alguma imprensa portuguesa – com ligações ao governo de Madrid) estamos a dizer que esse domínio estrangeiro do nosso mar, não está garantido a ninguém.

Além disso, esta presença no atlântico dá a Portugal uma importância estratégica maior que tenderá a atribuir ao país uma importância que decorre do seu mar territorial e da Zona Económica Exclusiva. Esta importância permite a Portugal ter um peso em termos internacionais maior que aquele que teria pelo seu poder económico, dimensão territorial ou peso demográfico. Ontem como hoje, é o Atlântico que dá razão de ser a Portugal.

Outros cenários

Para além dos equilíbrios estratégicos entre os países ibéricos, e da posição “atlantista” de Portugal face aos Estados Unidos, há outros cenários, onde a utilização de submarinos faz sentido.

Os submarinos, podem ser utilizados em operações mais ou menos secretas, levadas a cabo por Portugal, na defesa dos interesses nacionais e dos interesses dos cidadãos nacionais. A cooperação com os países de expressão portuguesa, em África, e o eventual apoio a Timor-Leste, país cuja independência anda passa por um período de consolidação, são outras áreas onde este tipo de equipamento pode ser de uma importância determinante.

Podemos sempre dizer que, são apenas dois barcos caríssimos, mas a verdade é que, embora sejam apenas dois, a sua manutenção será mais rápida que a dos anteriores submarinos, pelo que a sua disponibilidade será em principio maior. Mas mesmo assim, a importância de possuir este meio com enorme capacidade de dissuasão, é para Portugal de uma importância transcendental.

Só se levantam contra este tipo de equipamento aqueles que nunca estudaram a história de Portugal, não entendendo que em muitas alturas em que a nossa capacidade no mar falhou esteve em causa a continuidade da nação.

E, naturalmente, aqueles, que também por desconhecimento ou incapacidade de interpretar a história não entendem que sempre que nos apresentámos como militarmente mais fracos fomos sempre objectos de cobiças alheias, nomeadamente daqueles que continuam a rejeitar a história e o nosso direito a existir como nação livre e soberana.
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(Este texto, foi revisto e adaptado, mas é da autoria de Paulo Mendonça e foi originalmente publicado em 22.10.2004)

domingo, 28 de março de 2010

Máfia, Ndrangheta, Cosa Nostra, Camorra… quando a Face Oculta da Realidade Decadente supera a Ficção!



o video é para escutar enquanto se lê o texto...)


A Operação Mãos Limpas (ou Mani Pulite) foi uma investigação judicial de grande envergadura em Itália que visava esclarecer casos de corrupção durante a década de 1990, na sequência do escândalo do Banco Ambrosiano em 1982, que implicava a Máfia, o Banco do Vaticano e a Loja Maçónica P2.

A Operação Mãos Limpas levou ao fim a Primeira República Italiana e ao desaparecimento de muitos partidos políticos. Durante esse mediático processo alguns políticos e industriais cometeram suicídio quando os seus crimes foram descobertos.

Apesar do sucesso da operação Mãos Limpas no combate à Máfia italiana, sabe-se contudo que a principal motivação desta operação foi a de desviar a atenção da opinião pública das graves denúncias que o dissidente Vladimir Bukovski trouxe dos Arquivos do KGB: provas de que praticamente toda a imprensa social-democrata da Europa tinha sido financiada pela KGB durante a década de 80.

No começo deste caso, as denúncias de Bukovski não despertaram grande interesse, já que prevalecia o pretexto de que não se deveria reabrir "velhas feridas" do passado que colocassem em causa o establishment político de então, além de vigorar também a ideia de que o tema da guerra fria era um assunto superado. Mas à medida que novos dados foram sendo revelados, os jornais passaram a dar mais atenção aos documentos de Bukovski e às suas as graves implicações.

Quando foi revelado que o Partido Comunista Italiano havia recebido directamente pelo menos quatro milhões de dólares da KGB, o Parlamento Italiano foi então pressionado pela opinião pública a realizar uma investigação fiscal a todos os envolvidos. Isso provocou uma fortíssima reacção do Partido Comunista Italiano que, como resposta, convocou juízes que estavam no seu quadro de colaboradores para que organizasse uma campanha de grande repercussão publicitária nos media internacionais, com o objectivo de mudar a estrutura polarizada que tradicionalmente caracterizava a vida política da Itália, baseada na oposição entre regimes democráticos e comunistas.

O resultado foi o descrédito da reivindicação fundamentada no anticomunismo e todos os partidos políticos, com excepção do PCI, acabaram por serem investigados, ao mesmo tempo que a campanha operação "Mãos Limpas" tomou para si, por meio de um intenso esforço propagandístico, o mérito pelo combate a Máfia, uma luta judiciária que já estava a ser efectuada desde a década de 1980.

De notar que, na arriscada batalha efectuada pela Justiça italiana contra as organizações criminosas durante a década de 80, ficaram notórios os trabalhos solitários de magistrados como Paolo Borsellino e Giovanni Falcone, este último realizando o seu valente combate contra a Máfia durante onze anos a partir do seu escritório-fortaleza. Igualmente famoso ficou o testemunho do ex-mafioso Tommaso Buscetta por ser o primeiro "capo" da Máfia italiana a quebrar o código de silêncio (ou a omertà), tornando-se então um pentiti.

Durante a campanha da operação Mãos Limpas, 2.993 mandados de prisão foram expedidos; 6.059 pessoas estiveram sob investigação, incluindo 872 empresários, 1.978 administradores locais e 438 parlamentares, dos quais quatro haviam sido primeiros-ministros.

A publicidade gerada pela operação Mãos Limpas acabou por deixar na opinião pública a impressão de que a vida política e administrativa de Itália estava mergulhada na corrupção com o pagamento de " luvas" para a concessão dos contratos do governo italiano.

A operação Mãos Limpas chegou a alterar a correlação de forças na disputa política italiana, reduzindo o poder de partidos que haviam dominado o cenário político de Itália pós-guerra. Partidos como o Socialista (PSI) e o da Democracia Cristã (DC), foram reduzidos, durante a eleição de 1994, somente em 2,2% e 11,1% dos votos, respectivamente.

Se a situação tentacular italiana está ou não controlada, não é possível afirmar sem uma reflexão mais profunda da realidade económica e política actual...mas sabemos cada vez mais acerca do real carácter do Primeiro-Ministro que está, mesmo apesar do intenso controle exercidos sobre os media locais.

Este ano, espero ainda passar uns magníficos dias na bela península mediterrânica, revendo locais, gentes, a história de um império de outrora. Afinal de contas, bem vistas as muitas semelhanças entre os dois Estados, é quase como estar no meu País.

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sexta-feira, 26 de março de 2010

O Delta do Nilo está a afundar




A Barragem Aswan High é uma das maiores represas do mundo, no Nilo, no sul do Egipto, construída para controlar a água, armazená-la para tempos de seca e está equipada para fornecer energia hidroeléctrica.

O pior que está a acontecer é a erosão costeira, a subsidência (processo de rebaixamento da superfície terrestre, com amplitude regional a local, por causas tectônicas) e a compactação do solo delta. Durante milhares de anos, o rio Nilo tem, de certa forma, compensado por esses processos naturais, através da apresentação de sedimentos e água fresca.

No entanto, a barragem agora bloqueia os sedimentos mais a montante do Cairo e como resultado, o delta está a afundar. Enquanto isso, o Mar Mediterrâneo deverá aumentar devido ao aquecimento global. Como primeiro passo, o Egipto e as Nações Unidas decidiram lançar um estudo, que deverá durar cinco anos, sobre quais são as medida de prevenção para proteger o delta da invasão do mar.

Os investigadores egípcios apressam-se para conseguir os dados necessários, o governo está ã avançar com uma série de megaprojectos para aumentar a área habitável do país. A iniciativa mais ambiciosa é uma bomba gigante que desvia dez por cento das águas do Nilo para uma região desabitada, no deserto, para criar um novo Delta.


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sábado, 20 de março de 2010

Planeta com Fome - O que o Mundo Come

O livro "Planeta com Fome - O que o Mundo Come" compara 600 refeições na vida de 30 famílias, oriundas de 24 países.

Nas fotos reproduzidas abaixo, repare-se bem na dimensão da família, na dieta alimentar de cada país, no tipo de alimentos colocados em cima da mesa (ou no chão) e no orçamento semanal.


1 - Alemanha: Família de Bargteheide (4 pessoas).
Despesa total com alimentação durante uma semana: 375.39 Euros / $500.07 dólares.



2 - Estados Unidos da América: Família da Carolina do Norte (4 pessoas).
Despesa total com alimentação durante uma semana: $341.98 dolares.



3 - Itália: Família da Secília (5 pessoas).
Despesa total com alimentação durante uma semana: 214.36 Euros / $260.11 dolares.



4 - México: Família de Cuernavaca (5 pessoas).
Despesa total com alimentação durante uma semana: 1,862.78 Pesos / $189.09 dólares.



5 - Polónia: Família de Konstancin-Jeziorna (5 pessoas).
Despesa total com alimentação durante uma semana: 582.48 Zlotys / $151.27 dólares.



6 - Egípto: Família do Cairo (12 pessoas).
Despesa com alimentação durante uma semana: 387.85 Egyptian Pounds / $68.53 dólares.



7 - Equador: Família de Tingo (9 pessoas).
Despesa total com alimentação durante uma semana: $31.55 dólares.



8 - Butão: Família da vila de Shingkhey (13 pessoas).
Despesa total com alimentação durante uma semana: 224.93 ngultrum / $5.03 dólares.



9 - Chade: Família do campo de refugiados de Breidjing (6 pessoas).
Despesa total com alimentação durante uma semana: 685 Francos / $1.23 dólares.

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Expresso, 20 de Março de 2010 .
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terça-feira, 9 de março de 2010

Woody Allen - Whatever Works



Um filme muito divertido, mesmo quando Woody Allen repete a sua fórmula habitual: o sarcasmo e a ironia ao serviço do Humor sobre a natureza humana de uma certa civilização ocidental contemporânea.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Células estaminais podem reparar defeitos ósseos

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A nova Medicina regenerativa é uma esperança terapêutica que pode tornar obsoletas as cirurgias radicais, tais como a da Prótese da Cabeça do Fémur da foto abaixo ...


Um Estudo publicado no "Tissue Engineering":

As células estaminais do sangue do cordão umbilical podem ser utilizadas na reparação de defeitos ósseos causados por traumatismos, infecções, tumores ou malformações congénitas, demonstrou um estudo publicado no "Tissue Engineering".

O investigador Rui L. Reis, da Universidade do Minho, director do grupo 3B´s e do Instituto Europeu de Excelência em Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa e um dos membros do corpo editorial da publicação, afirmou que o estudo teve como objectivo testar "a capacidade de diferenciação osteogénica (em células ósseas) e de formação de osso".

Num estudo realizado pelo laboratório do Shanghai 9th People's Hospital, na China, e liderado por Yilin Cao, a diferenciação foi feita "a partir de células estaminais mesenquimais de sangue do cordão umbilical, um tipo de célula que se pode transformar, por exemplo, em osso, cartilagem ou gordura".

"Os resultados provam o que eu e outros investigadores temos dito: há que olhar para o futuro e não só para as actuais aplicações das células do cordão umbilical no tratamento de doenças sanguíneas, ao pensar na criopreservação", acrescentou o investigador.

Rui Reis relembrou que o laboratório do Instituto que dirige, sedeado no Avepark, em Guimarães, e que é líder europeu na área de engenharia de tecidos ósseos, "chegou a resultados semelhantes aos destes conceituados investigadores chineses com quem até colabora".

"Temos obtido, e publicado, excelentes resultados com suportes de origem natural e células estaminais de diversas origens, nomeadamente do cordão umbilical, gordura e fluidos amnióticos", revelou.

De acordo com o investigador, os estudos demonstram que "há no cordão não só células hematopoiéticas, mas também, como aqui foram estudadas, células mesenquimais (células multipotentes que são abundantes nos tecidos conectivos e se podem diferenciar em diversos tecidos) com um enorme potencial".

Num futuro próximo, como sempre afirmei, estas células não servirão só para tratar síndromes e deficiências ligadas a doenças sanguíneas, mas também para regenerar tecidos, curar diversas patologias e solucionar situações traumáticas", concluiu.

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tragédia na Madeira: Um desastre já anunciado há dois anos (Versão 5 Minutos)



Passo a citar ipsis verbis o Semanário Expresso on-line:

«Em 2006, um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro apresentou no 10º Congresso Nacional de Geotectina, em Lisboa, um estudo sobre as consequências da construção excessiva no concelho do Funchal, desde o aluvião registado em 1993.

Intitulada "Impacte Ambiental Provocado pela Construção subterrânea na baixa citadina do Funchal", a investigação desenvolvida por João Batista Silva, Fernando Almeida e Celso Gomes, chama a atenção para "a crescente construção na baixa citadina do Funchal".

Para os académicos, "o estreitamento e ocupação dos leitos das ribeiras conduziram à impermeabilização do solo e subsolo, que tem vindo a danificar o património edificado, e que representa um perigo crescente face à possível ocorrência de cheias".

Os especialistas, que foram apelidados de "cientistas loucos" pelos governantes madeirenses, sugeriram então seis medidas "para minimizar os efeitos das aluviões":

1 - Recuperação da floresta indígena (Laurissilva) nas zonas montanhosas e nas cabeceiras dos principais cursos de água para aumentar a infiltração de água e combater a erosão dos solos;

2 - Planeamento do território que envolva a gestão integrada dos recursos hídricos;

3 - Identificação, caracterização, controlo e monitorização do movimento de depósitos nas ribeiras, que possam dar origem a escorregamentos e/ou correntes de lamas;

4 - Remoção de vegetação, materiais geológicos e entulhos e lixos do leito das ribeiras;

5 - Definição de um modelo hidrodinâmico capaz de prever em tempo real a ocorrência de cheias na baixa citadina e gestão dos canais de escoamento;

6 - Elaboração de cartas de risco de cheias (Aluvião) que tenha em conta para uma dada área as condições geológicas, geomorfológicas, pedológicas e hidrológicas.»



Errando, corrigitur error.

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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Madeira

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Foto tirada em Agosto de 2009.


Ontem, 20 de Fevereiro de 2010, vimos assustadoras imagens das consequências de uma calamitosa tempestade que se abateu sobre o arquipélago da Madeira.

Esse excepcional temporal provocou dezenas de mortos e desaparecidos, centenas de desalojados e enormes perdas materiais na nossa paradisíaca ilha, local que tanto gostei de visitar em Agosto de 2009.

Estou desolado com esta chocante desgraça e solidário com os nossos compatriotas madeirenses neste momento trágico para tantas famílias e difícil para todos aqueles que foram prejudicados pelo tremendo temporal.

Passada a catástrofe, há que auxiliar as vítimas a refazer as suas vidas, reconstruir o que foi devastado, planear adequadamente a florestação assim como o urbanismo do território para prevenir tamanhos danos e reduzir riscos futuros quando ocorrerem outros fenómenos meteorológicos extremos.

Ânimo, caros amigos!
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sábado, 20 de fevereiro de 2010

O jovem e o velho

Olhando esta foto do jovem com a execrável farda nazi, e sabendo da posição que o mesmo ocupa hoje na hierarquia da Igreja Católica, recordo-me quão actual continua sendo a mensagem de Jesus: "Quem de vós está isento do pecado, atire a primeira pedra!" .

Quando em Maio este homem nos visitar é importante recordar: benedictus qui venit in nomine domine .

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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Liberdade de Expressão




Por casualidade assisti hoje num programa da RTP1 – creio que se chama Notas Soltas - o socialista António Vitorino defender o indefensável num esforço racional traído pela linguagem do seu corpo: as expressões de desagrado, de medo, irritação, ocultação, numa face intensa e subitamente ruborescida assim que lhe foi colocada a primeira pergunta sobre a trapalhada das escutas recentemente reveladas.
Fez claramente um frete e bateu-se honrosamente no papel que lhe cabe argumentando com a convicção forçada de quem não deseja trair os seus. Não me convenceu nisso mas, sem evidências que provem o contrário, continuo certo que é uma pessoa com mais dignidade do que aqueles que se dispôs defender.

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