sábado, 10 de abril de 2010

Pare, Escute, Olhe!

Trailer Cinema "Pare, Escute, Olhe" from Pare, Escute, Olhe on Vimeo.



"Pare, Escute, Olhe" retrata uma região transmontana despovoada, vítima de promessas políticas não cumpridas.

Na linha ferroviária do Tua, o comboio viaja para uma morte iminente. Em nome da progresso, a construção da barragem de Foz-Tua, ameaça submergir um património único que faz parte da identidade transmontana.

"Pare, Escute, Olhe", realizado por Jorge Pelicano, venceu seis prémios nacionais, incluindo Melhor Documentário Português no DocLisboa 2009 e o Grande Prémio do Ambiente no CineEco 2009 em Seia.

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Algarve Restaurant Week



No dia 22 de Abril começa a primeira edição da Algarve Restaurant Week.

A essência da Restaurant Week é possibilitar o acesso democrático à restauração, oferecendo a todos o acesso à gastronomia de alta qualidade sob um preço convidativo, tornando acessíveis restaurantes muitas vezes inacessíveis.

Os restaurantes que se vão juntar à iniciativa criam um menu específico (entrada, prato principal e sobremesa), o menu Restaurant Week, uma criação personalizada de cada restaurante para o evento, com novidades ou pratos clássicos das casas, incluindo uma entrada, um prato principal e uma sobremesa.

O Menu Restaurant Week terá um preço fixo de 20 €, com 1 € a reverter a favor de projectos sociais.

Para experimentar (porque estamos em crise e sou remunerado miseravelmente) só seleccionei 4 das quase duas dezenas de restaurantes de alto nível que participam no evento.

Hoje consegui confirmar as reservas para os restaurantes escolhidos : Bistro des Z'Artes, Emo , The Lake Resort e Thai.

Mnham!!!

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terça-feira, 6 de abril de 2010

Ludopatia ou Jogo Patológico




O jogo patológico, ou ludopatia, é um assunto pouco falado em Portugal. No entanto, a pujança do sector dos jogos legais (e dos ilegais) indicia um número elevado de sujeitos dependentes do jogo ou, quanto mais não seja, de indivíduos com diversos graus de crenças sustentadas pelos pensamentos mágicos implícitos ao acto de apostar em jogos de sorte e de azar.

Mais do que um simples acto de adicção ao jogo por uma parte substancial da população, o próprio Estado autoriza e regula a actividade das apostas porque daquelas resultam lucros fabulosos em impostos. Também os operadores autorizados incentivam abertamente as apostas em jogos de sorte e de azar através de propaganda diária nos media, a qual incluí o reforço ao devaneio sobre a riqueza súbita e limitação da censura social através da publicidade do patrocínio indirectamente oferecido no atendimento a pessoas carenciadas ou com a enfermidade, o que pode ajudar a relativizar o acto de jogar e auxiliar a racionalização da compulsão inerente às diversas tipologias de jogador existentes.

Todavia, nada se perde se efectuarmos uma definição mais clara do problema, porque existem graus elevados de dependência do jogo que vão muito além da raspadinha ou da aposta no Euromilhões.

Por mais que algumas pessoas pensem que um qualquer jogador - seja ele ocasional, regular ou excessivo - joga sem sentido de responsabilidade para consigo ou para com os que dele dependem, de facto, só o jogador patológico padece de um distúrbio de personalidade do tipo Perturbação do Controlo do Impulso tal como sucede na Cleptomania, na Piromania e na Tricotilomania, entre outras perturbações do Controlo do Impulso.

O que leva um jogador a permanecer horas a fio diante de uma mesa num casino ou no bingo, o que o leva a permanecer obcecado com a ideia de vencer uma slotmachine ou a estudar exaustivamente o comportamento de cavalos nos diferentes tipos de terreno para fazer a melhor aposta possível?
A explicação àquelas questões encontra-se no mecanismo compulsivo originado pelo distúrbio de personalidade do jogador patológico. Na base de tal distúrbio estão factores não despiciendos: Perturbação da Ansiedade, ilusão do controlo e imaturidade psíquica, distorções cognitivas, a preponderância de uma falha narcísica e, frequentemente, a existência de uma concomitante Perturbação do Humor, mecanismos de reforço neuroquímico do prazer, entre outros condicionantes.

Poderemos comparar o jogador compulsivo ao dependente do trabalho ou aos dependentes das compras, aos dependentes do sexo, aos dependentes da internet ou a outros tipos de comportamento cada vez mais comuns mas que têm por denominador comum a excessividade dos actos sem aparente capacidade de controlo e com consequências danosas para o indivíduo ou para os outros significativos?

Em certos casos, o jogador compulsivo tem reacções parecidas aos alcoólicos e com os farmacodependentes e não são raros os estudos que defendem a tese de que a ludopatia provoca sensações idênticas àquelas experimentadas por consumidores e dependentes de outras drogas, incluindo o álcool, resultando em consequência do gesto compulsivo o afastamento de outros comportamentos funcionais em variadas áreas da vida, assim como o desenvolvimento da tolerância e do síndrome de abstinência. Neste sentido, estudos neurológicos recentes revelaram que o comportamento de jogar repetidamente cria nos jogadores uma tensão sináptica que activa circuitos cerebrais que provocam o prazer semelhante àquele que resulta do consumo de drogas.

O tratamento, longo e complexo, requer algumas premissas básicas, desde logo o sujeito reconhecer que precisa de ajuda porque perde de facto o controle sobre o seu comportamento quando joga. Após uma avaliação psíquica do paciente e da estratégia psicoterapeutica adequada ao quadro clínico, pode também ser necessário o uso de medicação ansiolítica e antidepressiva concomitante à intervenção psicológica delineada, que pode incluir o recurso à terapia de grupo.

As 3 Fases do jogo patológico

Actualmente definiram-se três fases no jogo patológico:

1 - Fase da vitória: a sorte inicial é rapidamente substituída pela habilidade no jogo. As vitórias tornam-se cada vez mais excitantes e o indivíduo passa a jogar com maior frequência, acreditando que é um apostador excepcional. Um indivíduo que joga apenas socialmente geralmente pára de jogar com a vitória;

2 - Fase da perda: a atitude de optimismo não realista passa a ser característica do jogador patológico. O jogo não sai da sua cabeça e ele passa a ir jogar sozinho. Depois de ganhar uma grande quantia de dinheiro, o valor das apostas aumenta progressiva e consideravelmente, na esperança da obtenção ganhos ainda maiores. A perda passa a ser dificilmente tolerada. O dinheiro que ganhou no jogo é utilizado para jogar mais; em seguida, o indivíduo aposta parte do salário ou a sua totalidade, e depois as outras economias e até dinheiro emprestado;

3 - Fase do desespero: caracterizada pelo aumento de tempo e dinheiro gastos com o jogo e pelo afastamento da família. Um estado de pânico surge quando o jogador se apercebe do tamanho da sua dívida e do desejo em pagá-la prontamente; dá-se o progressivo isolamento de familiares e de amigos, sente cada vez mais a reputação negativa que passou a ter na sua comunidade e, finalmente, instala-se um desejo nostálgico de recuperar os primeiros dias de vitória. A percepção daqueles factores pressionam o jogador e o seu comportamento compulsivo para jogar aumenta ainda mais, na esperança de ganhar uma quantia que possa resolver todos os problemas acumulados. Alguns jogadores podem mesmo utilizar recursos ilegais para obter dinheiro de que precisam. Nessa fase, é comum a exaustão física e psicológica, sendo frequente a depressão e a ideação suicida.

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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Submarinos: ter ou não ter não é a questão...



A questão naval

A existência e a continuação de Portugal, como nação independente, deve-se bastante ao mar, e às politicas ultramarinas dos governantes portugueses, desde D. João I.

O país sempre teve uma dimensão muito maior que aquela que lhe corresponderia pelo seu tamanho, em termos geográficos, ou pela sua dimensão demográfica.

É o mar que permite a tomada de posições importante no oceano indico, o domínio marítimo daquele oceano e do atlântico sul. Depois de 1640, com o fim da dinastia dos Habsburgos (Filipina) foi o mar, e as alianças então estabelecidas com a Grã-Bretanha, que permitiram a Portugal voltar a reconstruir um império no Brasil, e é o mar que, depois do Brasil, torna possível a comunicação entre as colónias de África, Timor, Macau e a Índia.

Em 1961, a União Indiana, invade o então Estado da Índia Portuguesa, utilizando para o efeito uma parte considerável das suas melhore forças. A Marinha Indiana, equipada com porta-aviões, fragatas modernas e cruzadores, não encontra praticamente oposição, que não a da canhoneira “Afonso de Albuquerque” que é destruída no próprio porto, não sem antes ter resistido e respondido ao fogo inimigo, ainda que, estando em tremenda inferioridade numérica e de capacidade de fogo.

Salazar, pouco ou nada fez. Uma das razões apontadas tem a ver com a sua interpretação do pacifismo de Nehru, o líder indiano. No entanto, teria sido possível evitar o sucedido? A resposta é negativa. A diferença entre as capacidades da Índia e as de Portugal eram de tal forma, que nunca teria sido possível resistir. No entanto, se tivesse existido uma determinação em proceder á defesa, o resultado teria sido muito diferente.

Se, naquele tempo, tivesse sido possível a Portugal colocar um ou dois submarinos nas águas do oceano indico, (independentemente dos problemas logísticos que tal poderia implicar), todo o desenvolvimento da operação teria sido diferente.

A simples existência de um ou dois submarinos no mar, altera o comportamento de qualquer marinha, quando esta faz o planeamento de uma acção.
Desde 1961, não houve nenhuma ocorrência de relevância, onde possa ser demonstrada a utilidade táctica da utilização de submarinos por parte de Portugal, mas isso não implica que por essa razão, os submarinos tenham deixado de ter um enorme efeito dissuasor.

O domínio do Oceano Atlântico e o problema espanhol

A visão norte-americana do mundo, normalmente distorcida por um sistema educativo tão eficiente quanto redutor, implica que, apenas as grandes nações, ou os grandes países têm direito a algum tipo de projecção e importância internacional.

Já durante o período de 1961-1974, os norte-americanos criticavam asperamente a politica portuguesa relativamente a África, mas o seu principal problema, não era que Portugal tivesse colónias, o principal problema dos norte-americanos, era que Portugal, sendo um país tão pequeno, tivesse tanto território.

Considerando esta visão norte-americana, a questão do domínio do atlântico, (que é vital para os Estados Unidos) aparece como um tema de grande importância.
Essa importância está expressa no apoio dado pelos norte-americanos a Espanha, desde que o ditador Francisco Franco, logrou romper o isolamento internacional a que estava votado desde o fim da segunda guerra mundial.

Esse apoio, a Espanha, é também o apoio a uma Espanha que tenha capacidade para controlar a zona marítima que inclui os mares dos Açores, Madeira, Canárias, a costa portuguesa, a costa Africana até Cabo-Verde e naturalmente a costa de Marrocos, além, naturalmente, da costa atlântica espanhola.

Recordemos que apoio dos norte-americanos a Espanha é notório a partir dos anos 60 e estes são alguns exemplos:

1- Fornecimento do porta-aviões “Dédalo”, (arrendado em 1967 e comprado em 1973).
2 - Fornecimento à marinha espanhola dos planos para a construção em Espanha das cinco fragatas da classe “Baleares” (1967 – 1975).
3 – Fornecimento dos cinco contra-torpedeiros da classe “Churruca” (1972 – 1978).
4 - Fabrico em Espanha das seis fragatas da classe americana “Oliver Hazard Perry” (1977 – 1984).
5 – Fornecimento completo dos planos do projecto SCS de navio de controlo marítimo, que resultou no porta-aviões “Príncipe de Astúrias” (1988).
6 – Enormes facilidades concedidas a Espanha, para a construção da versão espanhola do projecto NFR-90 adaptado para as fragatas/contra-torpedeiros da classe “Álvaro de Bazán”, completados com radares e sistemas electrónicos de fabrico e concepção 100% americanos.

É portanto importante realçar que enquanto o exército e a força aérea espanholas evoluíam com a aquisição de equipamentos europeus (tanques franceses AMX, alemães Leopard-II, aviões franceses Mirage e europeus Eurofighter), a marinha espanhola foi “carregada ao colo” pelos norte-americanos durante as ultimas quatro décadas.

A conclusão que se pode retirar é apenas uma: para os norte-americanos o tamanho do país, conta mais que o que quer que seja que defendam os seus dirigentes. Logo, podemos deduzir que em qualquer circunstância futura, em que os interesses de Portugal estejam em oposição aos interesses de Espanha, os norte-americanos acabarão sempre por favorecer a entidade que mais vantagem lhes dará, ou seja Espanha e o domínio espanhol sobre a península e a área marítima que lhe está adjacente.

Portanto, toda e qualquer capacidade que Portugal tenha para defender as suas águas territoriais e a zona económica exclusiva entrará em conflito com a visão compartilhada entre norte-americanos e espanhóis de que é a Espanha que deve ser responsável pela vigilância e controlo das águas portuguesas.

Por conseguinte, a aquisição por parte de Portugal de dois submarinos do tipo U-214, cuja versão para Portugal se chamará U209PN, pode parecer de pouca importância mas de facto não o é.
Os submarinos adquiridos, em primeiro lugar, colocam Portugal à frente de Espanha na corrida para a modernização das suas frotas de submarinos. A Espanha que conta com quatro submarinos da classe Agosta, só estará equipada com submarinos com as capacidades dos submarinos portugueses, alguns anos depois de Portugal ter os seus U-214 operacionais.

Os submarinos U-214, pelas suas características - nomeadamente por serem equipamentos extremamente silenciosos - podem “pairar” debaixo de água, durante semanas, sem serem detectados. Podem, com os seus mísseis, atingir alvos a mais de 100Km de distância, disparando mísseis sem ter sequer a necessidade de virem à superfície.

As armas da Marinha de Guerra Portuguesa, nomeadamente os submarinos U-214, perante o conceito Espanhol segundo o qual as águas portuguesas são de facto suas para controlar, são uma ameaça àquele desejo de domínio.

Ao apresentarmos aos nossos aliados da NATO a compra dos submarinos como um facto consumado (que não deixou, curiosamente de ser criticado em alguns círculos da NATO, alegadamente – e segundo alguma imprensa portuguesa – com ligações ao governo de Madrid) estamos a dizer que esse domínio estrangeiro do nosso mar, não está garantido a ninguém.

Além disso, esta presença no atlântico dá a Portugal uma importância estratégica maior que tenderá a atribuir ao país uma importância que decorre do seu mar territorial e da Zona Económica Exclusiva. Esta importância permite a Portugal ter um peso em termos internacionais maior que aquele que teria pelo seu poder económico, dimensão territorial ou peso demográfico. Ontem como hoje, é o Atlântico que dá razão de ser a Portugal.

Outros cenários

Para além dos equilíbrios estratégicos entre os países ibéricos, e da posição “atlantista” de Portugal face aos Estados Unidos, há outros cenários, onde a utilização de submarinos faz sentido.

Os submarinos, podem ser utilizados em operações mais ou menos secretas, levadas a cabo por Portugal, na defesa dos interesses nacionais e dos interesses dos cidadãos nacionais. A cooperação com os países de expressão portuguesa, em África, e o eventual apoio a Timor-Leste, país cuja independência anda passa por um período de consolidação, são outras áreas onde este tipo de equipamento pode ser de uma importância determinante.

Podemos sempre dizer que, são apenas dois barcos caríssimos, mas a verdade é que, embora sejam apenas dois, a sua manutenção será mais rápida que a dos anteriores submarinos, pelo que a sua disponibilidade será em principio maior. Mas mesmo assim, a importância de possuir este meio com enorme capacidade de dissuasão, é para Portugal de uma importância transcendental.

Só se levantam contra este tipo de equipamento aqueles que nunca estudaram a história de Portugal, não entendendo que em muitas alturas em que a nossa capacidade no mar falhou esteve em causa a continuidade da nação.

E, naturalmente, aqueles, que também por desconhecimento ou incapacidade de interpretar a história não entendem que sempre que nos apresentámos como militarmente mais fracos fomos sempre objectos de cobiças alheias, nomeadamente daqueles que continuam a rejeitar a história e o nosso direito a existir como nação livre e soberana.
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(Este texto, foi revisto e adaptado, mas é da autoria de Paulo Mendonça e foi originalmente publicado em 22.10.2004)