domingo, 25 de janeiro de 2009

E o que fazem alguns "amigos" quando surgem os problemas?


É costume dizer-se que os verdadeiros Amigos reconhecem-se nas horas de aflição, na prisão, no hospital ou no funeral.

Ontem assistiu-se a um acto de coragem do Primeiro-Ministro de Portugal que - em directo através dos media - defendeu sozinho a sua Honra perante um País desconfiado e cada vez mais deprimido.
Quem não deve não teme pelo que, sendo este o caso do actual Primeiro-Ministro e não esta comunicação um movimento de desesperada defesa, fez bem avançar com uma tal exposição pública. Dos seus apoiantes, militantes e boys, obtivemos ao longo dos últimos dias - em larga maioria - uma resposta semelhante à foto acima postada.

Lamentável toda esta situação, que não está isolada da decadência que tem despojado o nosso País, numa multiplicidade de situações, ao longo destes trinta e tal anos de Democracia.

Desde a normalização dos desatinos Revolucionários do pós-25 de Abril, temos tido demasiado acontecimentos extraordinários. Recordo apenas alguns deles:

- Um atentado não esclarecido que vitimou um Primeiro-Ministro e um Ministro da Defesa entre outros inocentes;
- A súbita aparição de um Partido de inspiração presidencial que (felizmente) pouco tempo depois se eclipsou;
- Dois Primeiro-Ministro que abandonaram o País quando estavam em plenas funções;
- Um recente Golpe de Estado Constitucional perante a apatia geral da Nação;
- Dezassete Governos Constitucionais em trinta anos;
- Um declínio acentuado da Soberania e da Independência do País perante a anuência dos Órgãos de Soberania;
- O recente regresso das nacionalizações - e das ameaças de nacionalização - de certas instituições privadas em dificuldades;
- O agravamento acentuado dos graves problemas estruturais e sectoriais do Estado - principalmente da Justiça, mas também da Educação, Saúde e Economia - que requerem necessariamente um alargado consenso nacional e a consequente persistência das estratégias políticas fundamentais à viabilidade do País (sendo cada vez mais óbvio que ambos vectores - estratégia política de consenso nacional e persistência da respectiva práxis - estão demasiado instáveis e têm oscilado conforme as movimentações da alternância bipartidária que nos tem governado desde do advento do actual regime democrático).

Doravante, dizem-nos as elites, a situação seguirá ainda mais a descer. Se isto não é o declínio, inclusive da esperança, o que significa?

Aliás, tudo isto só reforça a minha tese de que se torna cada vez mais evidente que, a partir de meados do último decénio, a III República Portuguesa vive tempos de intensa deterioração dos mais elementares Princípios e de Valores, éticos e morais, - que se tornaram demasiado conturbados para estabilizar sem mais dissabores ou até mesmo uma séria ruptura... Deus queira que me engane. Oxalá assim seja.

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Dies irae



Olho por olho dente por dente, quem com ferros mata com ferros morre, quem semeia ventos colhe tempestades… que mais se pode dizer sobre a brutalidade da Guerra, sobre todas as guerras, que já não tenha sido falado, escrito ou cantado?

Shalom Israel …de vítimas a carrascos foi menos de um século.

Shalom Israel … do Gueto de Varsóvia até Gaza perdeu-se a apátrida memória da opressão e do genocídio de um povo encurralado.

Shalom Israel … Shalom.

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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Excerto do livro "PÁTRIA" de Guerra de Junqueiro, publicado em 1896.


«Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas.

Um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar


Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896.


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segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Afinal o Amor pode durar para sempre ...




Segundo a edição online de ontem do Sunday Times, uma equipa de investigadores coordenados pelo Psicólogo Arthur Aron da Stony Brook University, de Nova Iorque, comparou, através de imagens por scanner cerebral, as reacções químicas manifestadas por casais de longa data e por casais em início de relacionamento amoroso.

Os resultados foram surpreendentes: o cérebro de alguns casais, juntos há mais de 20 anos, libertou os mesmos níveis de dopamina (um neurotransmissor associado às sensações de prazer) encontrados na fase inicial dos casais em fase de enamoramento.

No entanto, os investigadores sublinham que nos casais de longa data não foi identificado o quadro obsessivo que também caracteriza o enamoramento dos casais em início de relacionamento amoroso, o que poderá indiciar uma maior maturidade no relacionamento entre os elementos dos casais de longa data.

"Estes resultados vão contra a visão tradicional de que a paixão esmorece dramaticamente durante os primeiros dez anos de relacionamento, mas agora sabemos que o contrário é possível. O relacionamento destes casais permanece intenso, e sexualmente activo também, apesar de uma longa vida passada em comum.", afirmou Arthur Aron, citado pelo Sunday Times.

Aos casais imunes ao declínio da paixão, a equipa de investigadores da universidade nova-iorquina atribuiu a designação de "cisnes", uma das espécies que, no mundo animal, dedica toda a sua vida ao mesmo parceiro.

Estudos anteriores haviam validado a visão corrente de há pontos de ruptura, em média, ao fim de 12 a 15 meses de relação tal como ao cabo de três anos e ao fim de dez anos, passagem do cabo das tormentas onde "a química do romance" pura e simplesmente já não existiria.

Os resultados da equipe liderada por Arthur Aron vem deste modo contestar a generalização que aceita a inevitabilidade da ruptura amorosa ao cabo de x ou y anos.

Conclui-se, portanto, que uma das chaves do sucesso amoroso está na maturidade da relação entre os membros do casal – e na terapia de casal sabemos da importância da partilha de princípios e de valores, cumplicidade sexual, honestidade e respeito mútuo, responsabilidade perante o compromisso implícito na formação do casal, comunicação com afecto, etc.

Aliás, conheço alguns casos destes, inclusivamente na minha própria família. O que o Psicólogo Arthur Aron da Stony Brook University confirmou foi a máxima de que não há regra sem excepção.


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